quarta-feira, 19 de junho de 2013

Parto meu, parto normal de gêmeos - Liliane Teisson

relato parto

Quando as meninas tinham poucos meses de vida, recebi um e-mail de uma grávida de gêmeos que estava na reta final, pronta para receber seus bebês, mas cheia de dúvidas, é claro, e me identifiquei muito com ela. Nasceu aí uma forte amizade virtual que perdura até hoje. A Liliane mora no interior da França com o marido Phil e já era mãe da Cécile quando se descobriu grávida de dois. Não foi tanta surpresa já que a mãe dela era gêmea e ela tinha irmãos gêmeos, mas foi, de fato, uma aventura. A começar pelo parto. Ela topou compartilhar a história dela aqui para quem sabe inspirar outras mães, é fato que na França a cultura hospitalar é muito diferente do Brasil, mas também é bom ter informações sempre. E ela teve um parto pélvico, um relato raro de ser ler por aí.

Eu sinto que conheço essa família tanto, adoro ver as fotos deles todos os dias e conversar com a Lili, que às vezes acho que ela é minha vizinha, mesmo que milhões de quilômetros nos separem. Está aí a maravilha da internet e do mundo moderno. Por isso, fico muito feliz de mostrar o nascimento da Alice e do Arthur, história que eu li em um e-mail há quase um ano atrás e me emocionei muito. Aí vai:

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Estava com 32 semanas de gestação e no dia anterior ao parto estava começando a me sentir estranha, com cólicas, vomitando e muita falta de ar. A enfermeira que vinha toda semana me ver em casa (por causa da hospitalização a domicilio) veio nesse dia pela manhã e me aplicou a primeira injeção pra maturação dos pulmões dos bebes. Por volta das 23 horas comecei a sentir contrações, indolores mas a barriga ficava muito dura. A sensação era estranha demais, nada comparado com o que senti no dia do parto da Cécile. Tomei buscopan, tomei um banho pra ver se passava e nada. Pensei que pudesse ser o efeito da injeção, por isso fiquei com medo, pois a cada contração forte meu colo corria o risco de encurtar cada vez mais.

Às três da manhã, como eu não conseguia dormir já que a barriga não parava de endurecer, Phil ligou pro hospital que mandou uma ambulância me buscar (por causa do repouso absoluto eles não aconselhavam o deslocamento de carro. Phil ficou em casa com Cécile. Me senti super sozinha, mas era necessarío e eu não queria acordar ela no meio da noite assim pra ficar no hospital sem saber o que iria acontecer).

Chegando lá fizeram uma ultra pra medir meu colo que já estava mais curto, menos de 1 cm, mas continuava fechado. Algumas horas depois voltaram para me examinar e voilà, colo aberto e com 3 cm de dilatação! Tomei um medicamento para parar as contrações na veia, mas não adiantou. Quando me disseram eu fiquei super nervosa, chorosa, uma mistura de alívio com medo, não sei descrever o que senti naquela hora, uma mistura louca... provavelmente culpa dos hormônios! Liguei pro Phil que imediatamente ligou pra mãe dele pra ir ficar com Cécile em casa, enquanto ele ia pro hospital.

Então, começou aquele corre-corre entre as enfermeiras, colocaram um monte de medicação no soro sobretudo a segunda dose pra maturação dos pulmões. Um dos remédios até não me fez muito bem, tiraram na mesma hora, mas nada grave. Me aplicaram também a peridural, em caso de gêmeos eles nem perguntam se a pessoa quer ou não anestesia, depois disso fiquei flutuando nas nuvens!  Detalhe que eu não senti dor em nenhum momento antes da aplicação, senti muito mais a picada da agulha que qualquer outra coisa.

Dessa vez Phil não pode assistir ao parto, pois foi feito no bloco (centro cirúrgico), caso fosse preciso tirar o segundo com uma cesariana. Me senti tão sozinhaaaaa, no primeiro parto ele ficou comigo e foi super importante, fez toda a diferença.

Finalmente, me levaram para o bloco, já tinha passado do meio dia. Alice nasceu com minha ajuda, mesmo com anestesia, eu tive toda a sensação do parto tirando a dor, claro. E isso foi super importante pra mim, já que no meu primeiro parto foi preciso ventosa para ajudar a Cécile sair, porque eu não forçava direito, fiquei com um medo terrível de que a força tomasse outras proporções (detalhe que Cécile era bem gigante, 3.6 kg, também então não me culpo tanto rsrs).

Durante o trabalho de parto, as enfermeiras me diziam "Força mesmo, igual pra fazer cocô, nós estamos acostumadas com os acidentes!" Assim que ela nasceu, com os olhos bem abertos, querendo ver tudo, me mostraram bem rapidinho e já correram com ela pros primeiros cuidados. Era a vez do Arthur, mas assim que ela saiu ele virou e sentou. Ele estava numa posição meio termo, tipo atravessado, só que bem mais inclinado pra posição cefálica. Mas na hora, as enfermeiras disseram que ele poderia ficar pélvico e foi o que aconteceu.
Quando isso aconteceu, a médica e as enfermeiras me diziam pra não fazer mais força, e quando olhei só via o corpinho dele pra fora e sentia que a cabeça dele estava dentro. A médica puxava muito, com muita força, é realmente impressionante, mesmo chocante, achei que fosse morrer ali junto com ele, sem exagero, rezei muito. Olhava apavorada pra médica, pergutando se eu podia forçar para ele sair e ela só dizia pra não fazer nada, que ela iria tirá-lo. Finalmente, ele saiu, chorou e eu cheguei a suspirar de alívio! Pra ele sair foi preciso uma episiotomia (mais uma vez, ja tinham feito quando tive a Cécile). Me trouxeram os dois rapidamente novamente pra que eu pudesse dar um beijinho.  Alice pesava 1,9 kg  e Arthur 2,2 kg.

Aqui o parto normal é muito valorizado, eles podiam ter feito cesárea, no meu caso, mas aproveitaram que os bebês estavam super bem e eram grandes o suficiente pra aguentar o trabalho. Dei graças a Deus também, assim no mesmo dia já estava bem pra vê-los na UTI.  Arthur precisou da máscara para ajudar a respirar, Alice respirava super bem sozinha. No dia seguinte, ele já estava respirando bem sozinho.

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Com os pequenos na UTI

Três dias depois do parto voltei pra casa, sem eles, achei que não fosse me importar tanto, mas na hora vem aquela sensação de "braços vazios". Coloquei na cabeça de que era tudo necessarío e logo eles iriam estar em casa e esse tempinho sem eles seria bom para reconquistar o meu lugar de mãe da Cécile que havia sido um pouco "apagado" durante a gravidez pelo repouso.

Depois começou toda aquela loucura das idas diárias ao hospital, aquele medinho de que algo pudesse acontecer com eles tão frágeis, pequenos e sozinhos. Todo dia sentia aquele aperto no coração em deixa-los. Eles ficaram quinze dias sozinhos na UTI e cada dia que passava eles só progrediam, não tiveram complicaçao nenhuma, perderam peso, mas começaram logo a recuperar. Tivemos muita sorte de ter conseguido uma vaga nesse hospital que é referencia em bebes prematuros, isso nos deixava bastante aliviados, eles eram muito bem cuidados, as enfermeiras todas muito fofas e carinhosas.

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Cécile fazendo carinho no irmão

Depois, foi a hora de eu ir pra lá me internar junto com eles. Nesse hospital, eles têm um setor chamado "mãe e filho", onde cada bebê prematuro, que tenha passado muito tempo no hospital depois do nascimento, possa passar um tempo com a mãe antes de voltar pra casa. É verdade que a gente perde um pouco o "fio da meada" quando volta pra casa sem eles. Ali eles aprendem a mamar sozinhos, tiram a sonda e todo aquele vinculo é formado. Pra mim foi muito difícil, fiquei duas semanas lá, mas tinha deixado outra filha em casa, o que foi realmente duro para aceitar. Chorei muito, ali foi meu limite, durante toda a gravidez, as duas semanas que fiquei no hospital de repouso, o tempo que fiquei presa no quarto no segundo andar em casa, sempre fui muito durona, durante toda essa barra que passamos.... acho que eu estava muito cansada com essa história de hospital, estava doida pra voltar pra nossa vida normal. Graças à Deus, Alice e Arthur mamaram no peito super bem, tiraram a sonda e só ganhavam peso.

Durante essas duas semanas, eu passava meus dias com eles sozinha no quarto dando peito, pesando e anotando o peso deles antes e depois de cada mamada pra ver o quanto eles mamavam a cada vez. Aturava conselhos totalmente contraditórios das enfermeiras que mudava constantemente, fiquei surda diante disso e comecei a fazer do meu jeito.
Finalmente, eles foram pra casa depois de um mês e toda uma nova e linda historia começou pra nossa família

7 comentários:

  1. Só digo uma coisa...não é fácil!!!!!!!! Parabéns Lili pela força!

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  2. Lili é tudo maravilhoso na sua jornada da maternidade...Deus te abençoe e não esqueça de vir nos visitar quando vier ao Brasil.Bjs

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  3. Oi!!! Que saudades de passar no seu blog! Fiquei mais de duas semanas ausente do mundo bloguístico, pois estava me adaptando ao meu novo emprego, mas agora quero retomar minha vida de blogueira! Hoje tirei uma horinha pra visitar os blogs amigos e matar a saudade do seu blog.
    Nos veremos em breve, não vou sumir de novo...
    Ah, e tem post novo lá no meu blog!
    Beijos!

    www.asosmamaenadia.com

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  4. Nossa parabéns, só mesmo sendo mulher pra agüentar um tranco difícil de emoções fortes assim.
    Deus sempre perfeito sabe pq apenas as fêmeas geram e alimentam seus filhos.
    Q cresçam em graça e sabedoria!

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  5. Oi... Estava pesquisando sobre parto normal de gêmeos e encontrei o seu blog.
    Estou esperando duas meninas e estou com 36 semanas... Sempre me falam que o parto de gêmeos é complexo e que a melhor opção é a cesariana, mas como eu sou teimosa e penso a frente eu sempre digo que se for possível eu prefiro o parto normal , fiquei muito feliz com minha última ultrassonografia pois as meninas antes estavam em posições diferentes e agora ambas estão de cabeça pra baixo, espero que elas continuem assim e que for melhor para elas eu vou aceitar.

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  6. nossa tive uma gestação de 32 semana um nasceu de parto normal o outro virou na hora na nascer tive que fazer uma cesárea era dois meninos com 40.c e 1.k700 tive o primeiro no dia 31 e o segundo no dia 1 mas o segundo bebe ja nasceu sem vida o primeiro morreu no dia primeiro,eles nasceram com má formação nos pulmão já tem 13 anos este acontecido comigo mas me recuperei tenho minha filha mas velha de 16 anos e meu mas novo que adotei de 4 anos que já mora comigo a 3 anos.parabéns pela teus filhos DEUS SABE DE TODAS AS COISA

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