Os rótulos, ah, os rótulos. Todo mundo sabe que ele não é
legal e não faz bem, mas quando a gente menos espera, sem perceber até, ele
aparece. “Ah, o João é agitado demais”. “A Ana é impossível”. “Ele é tímido”. “Ele
não para quieto”. Colocamos tantos adjetivos nos nossos filhos diariamente que
muitas vezes eles se tornam rótulos, características tão fortes que mesmo que
elas não façam parte da criança, acabam se unindo a ela. É claro que traços de
personalidades existem e são super importantes, mas se nós que já passamos por
tantas experiências na vida também mudamos, por que os menores não?
Uma das vantagens de ter gêmeos, pra mim pelo menos, foi não
se apegar aos rótulos porque rapidamente a gente aprende que as fases existem,
incluindo de personalidade, e com elas as características que parecem tão
pessoais, vem e vão. Não preciso ir tão fundo para perceber isso. Por exemplo,
quando as meninas eram recém-nascidas todo mundo tentava diferenciar e descobri
o jeito de cada uma. “A Maria é mais dorminhoca. Essa vai ser tranquila, hein?”
“A Bella chora alto, né? Essa vai dar trabalho, viu?”. Por que essa nossa
necessidade de rotular e definir alguém tão cedo? Acho que estamos tão
acostumados a esse processo que parece até natural. Depois fui percebendo que
existiam fases, em que a Maria dormia mais fácil e outras a Bella, assim como o
choro variava também. E era só isso.
Elas foram crescendo e essas fases foram se tornando mais
marcantes e são até hoje. Há alguns meses atrás, Maria estava mais briguenta e
ciumenta, no melhor modo “rebelde” (olha o rótulo!). Do nada, como sempre acontecem
com as fases, ela acalmou e ficou dengosa, extremamente carinhosa. E aí foi a
vez da Bella começar as brigas. Normal. Assim como eu sei que às vezes uma está
mais sociável que a outra, mais aventureira, mais questionadora ou mais calma.
Tinha uma coisa que me irritava extremamente quando elas eram bebês e eu saia
na rua com as duas e alguém perguntava: “qual é a mais simpática?”. “Ah, eu
acho que é essa aqui ó”. Como se uma tivesse que ser simpática e a outra não. O
Francisco, por outro lado, ganhou o rótulo de “bebê simpático” e tudo bem. Eu
tento não levar isso a ferro e fogo. Sei que faz parte da personalidade dele,
mas nem sempre ele é todo sorrisos e tudo bem também.
Acho que como mães temos que tomar muito cuidado não só com
esses rótulos, mas com as profecias auto-realizadoras de achar que tal situação
com seu filho “não vai dar certo nunca” ou já prever o futuro “tenho certeza
que como adolescente ele vai ser terrível”.
Precisamos ser mais gentis com nossos filhos e com tudo o
que eles estão descobrindo e aprendendo a ser no início deste longo caminho.
Precisamos ser menos duras com nós mesmas para não projetar demais neles. E,
por fim, precisamos deixar a vida acontecer, sem definições, e deixar eles nos
mostrar a direção do próximo capítulo.
Amei seu texto, concordo perfeitamente!!!!!!
ResponderExcluirOi Tati, sou super fã do seu blog, te acompanho faz tempo... vcs e a Luiza são os exemplos de blogueiras p mim...
ResponderExcluirEstamos de volta com o blog... quando puder da uma passada lá...
www.reinomae.com