Fomos para casa e avisamos nossos pais. Quase não consegui dormir, senti algumas contrações e rezei dois terços durante a madrugada. No dia seguinte, Isabella ainda se mostrou sentada na tela cinza. Fui na médica à tarde, mais um exame de toque e 4 cm de dilatação. E o tampão saiu. Conversamos com a médica e nos decidimos pela cesárea. Ela não indicou e eu também me rendi. Queria o que fosse melhor para as minhas filhas e com 34 semanas de gestação não queria arriscar.
O jeito era ir para casa e esperar até à noite para dar entrada no hospital. Estava tudo pronto. Senti mais algumas contrações, liguei para quem tinha que ligar e esperei. Estava muito calma, não conseguia pensar em nada. O tempo passou rápido até a gente chegar no hospital. Meus pais chegaram, fomos para o quarto e mais espera.

Chegada na maternidade

Já no quarto com meu irmão
Descemos para o centro cirúrgico. Eu, o Marco e a Gláucia, do Quitandoca, que iria fazer as fotos do parto. Queria abraçar minha mãe, mas ela estava na recepção. Pedi para o meu irmão correr e avisá-la. E só quando chegamos no elevador, quando achei que não ia conseguir ter aquele último afeto, ela e a minha sogra apareceram. Não consegui conter as lágrimas. Estava oficialmente nervosa. E aquele abraço foi tudo para mim. Ali eu era filha e estava pronta para ser mãe.


Emoção no corredor
Esperamos muito tempo no centro cirúgico. Mais de 2 horas e meia. A minha médica estava no hospital vizinho fazendo um parto e esqueceram de me avisar ou não pensaram em deixar a gente no quarto. Fiquei ali, ao lado do Marco e da Glau, naquela maca fria, olhando constantemente para o relógio. Se os dois não estivessem lá não sei como seria. A Glau foi essencial para tirar dois futuros pais nervosos da ansiedade do momento. Começamos a bater papo e filosofar e o tempo passou. Enfermeiras entravam e saiam. Eu tinha contrações de 4 em 4 minutos.





A médica chegou 10h e eu fiquei achando que elas poderia nascer no dia 11. Chegou a hora da temida anestesia e foi menos pior do que eu pensava. O problema foi depois. Quando eu deitei na maca e já não estava sentindo minhas pernas, com as mãos amarradas, senti um enjoo fortíssimo. "Ok, eu vou vomitar". O anestesista só virou o meu rosto e lá se foi todo meu almoço. Oito horas de jejum e mesmo assim passei mal. Não era o que eu imaginava estar passando. Ficou todo mundo esperando eu terminar para começar a cirurgia. Eu ainda falei para Glau: "não tira foto disso, hein?". Eles limparam tudo e a coisa toda começou.
O parto foi rápido. Em poucos minutos escutei a doutora dizendo "cadê a fotógrafa? vem que vai nascer!". E logo depois veio o chorinho da Maria. Chorando, o Marco sussurou no meu ouvido "ela é linda". E a pediatra trouxe ela para o outro lado do pano e ela foi logo embora. Em poucos segundos, veio o segundo chorinho. A outra pediatra trouxe a Isabella e colocou no meu rosto. Chorei de soluçar. No meio da cirurgia a doutora descobriu que ela, além de estar sentada, ainda estava com duas voltas do cordão enroladas no pescoço e ainda tinha um nó real.

Maria de braços abertos para o mundo

Isabella enroladinha no cordão e pronta para dar seu pulo

Minha foto favorita

Primeiro encontro com Isabella


Estava cheia de emoção e não consegui me mexer. O Marco ficou do meu lado e me escutava cheia de demandas: "já mandou mensagem pro meu pai?" "vai lá ver como elas estão!". E ele ficava repetindo: "relaxa, tá tudo bem". O resto da cirurgia pareceu uma eternidade. As meninas foram direto para a UTI e o Marco conseguiu ir lá duas vezes.
Depois que tudo acabou fomos para sala de recuperação. Estávamos sozinhos lá, sem as meninas, mas felizes. Começou a tremedeira e fui proibida de falar. Colocaram uma fralda geriátrica em mim e a sensação de não poder mexer a perna me dava nos nervos. Achei a cesárea horrível, me sentia péssima, mas eu tinha minhas filhas e elas estavam bem. Tudo o que eu queria era dormir e acordar no dia seguinte para segurá-las. Ainda deu tempo de entrar no Facebook e colocar uma foto delas por volta das 2 da manhã ainda no centro cirúrgico. O Marco também fez um video delas e me mostrou várias vezes enquanto ainda estávamos na espera.

Maria

Isabella
Era isso. Tudo tinha mudado a partir daquele momento e desde então a vida tem sido um turbilhão de emoções! Não foi nada do que eu tinha imaginado, a forma, o jeito, e especialmente, a sensação. Todos aqueles clichês apareceram na minha frente e eu senti todos eles. É um amor instantâneo, a paz toma forma. Quando a gente escuta aquele choro de bebê pela primeira vez, alguma coisa acontece. E o coração bate mais forte desde então.
As fotos da Glau ficaram maravilhosas! Super recomendo o trabalho dela! Além das fotos terem ficado lindas, ela tem uma sensibilidade incrível e faz tudo com um carinho excepcional, difícil de se encontrar hoje em dia. Não canso de agradecê-la. Aliás, vale muito a pena registrar este momento tão único, não deixem de fazer isso. Contratem um fotógrafo para tirar as fotos do parto, faz toda diferença.
O nosso ensaio tá lá na página do Quitandoca! Para ver clique aqui