Olá, meu nome é Tatiana e minha vida agora é dar de mamar. Sou uma vaca leiteira, dois peitos ambulantes e, devo confessar, que com muito orgulho! Eu vou contar uma coisa para vocês: amamentar é muito difícil. Acho que deve ser um dos maiores desafios da maternidade. Nunca imaginei que seria assim tão complicado, tão cheio de emoções, sofrível, doloroso e tão gratificante ao mesmo tempo. Ok, a minha mãe tinha me avisado, mas eu nunca achei que seria o que é. Como a gente consegue?

Eu e Isabella depois do mama
Começa na maternidade. Você quer dar o peito, acha que vai ser uma coisa instintiva, que todo mundo já vai saber sua função, mas não é bem assim. É preciso treino, prática e paciência. Como as meninas eram muito pequenas, foi ainda mais difícil, elas não tinham força para sugar. E eu não tinha bico suficiente, apesar do peito gigante. Ninguém me explicou como era, fui fazendo como achava que deveria. E muitas vezes, elas não pegavam e acabavam mamando só o complemento. Me lembro um dia de manhã, depois de uma longa noite, eram 6h e elas tinha mamado pouco no peito, a Maria nem pegou. Chamei a enfermeira para dar o complemento e me tranquei no banheiro. Chorei como nunca. Chorei porque queria amamentar minhas filhas, por que eu não conseguia alimentá-las?
No desespero, chamei uma outra enfermeira, que tinha entrado naquele plantão, para me ajudar. Ela me mostrou uma posição diferente. Com o corpo do bebê na transversal, os pés tocavam as costelas da mãe e a cabeça fica na frente do peito. Assim, elas mamaram super bem. Mas, muitas vezes dormiam, não conseguiam ficar muito tempo. E eu querendo que elas engordassem desesperadamente. Não foi fácil. Porém, os dias foram passando e as coisas melhorando. Sim, isso acontece na maternidade! Olha que maravilha!
Quando chegamos em casa era alimentação totalmente materna, sem complementos. Mas um belo dia, elas começaram a mamar de uma em uma hora desesperadas. E depois dormiam cinco horas seguidas. Não pegavam o peito direito, foi uma confusão. Fiquei uma noite inteira acordada.Tinha uma coisa errada. Resultado? Estavam perdendo peso, ou seja, gastavam calorias para sugar e ainda não tinha leite suficiente no meu peito. Fiquei desesperada (sim, isso acontece muito com as mães nos primeiros dias) e pedi para adiantar a consulta do pediatra. Ele passou o complemento. Durou um dia. No dia seguinte, o meu peito tinha leite que só e elas não queriam mais o tal do Pré-Naan.
Ainda sim, chamei uma enfermeira aqui em casa para fazer uma consultoria. Ela veio e me deu os parabéns. Estava tudo indo maravilhosamente bem e, às vezes, neste estado, tudo o que a a gente precisa é da validação de outras pessoas para as coisas fluírem, acontece. Ela me deu a boa notícia de que dificilmente meu bico racharia e que a produção de leite estava em desenvolvimento. Uma coisa que eu fiz desde sempre foi ter passado o próprio leite no mamilo depois de cada mamada, isso me ajudou muito. A enfermeira, naquele dia, me ensinou a ordenhar, sugeriu que eu comprasse uma bombinha elétrica para dar meu próprio leite como complemento para as meninas e foi embora.
Desde então, as coisas melhoraram, mas ainda mudam muito. É todo um processo. Tenho bastante leite, bizarramente muito mais no seio direito. Não uso mais a bombinha, ordenho leite com a mão, a coisa toda demorava quase uma hora para tirar 20 ml e agora é questão de 20 minutos.

Poses pós-mamadas
Estamos tentando estabelecer uma rotina de amamentação para as meninas. Foi dica do pediatra. A gente troca a fralda antes de cada mamada para que elas entendam que é hora de se alimentar. Elas, geralmente, seguem o intervalo de 3 horas, mas nem sempre. Às vezes, uma mama mais e a outra menos. Hoje, por exemplo, Maria mamou intensamente entre as 18h e as 22h, acontece. Fiquei um pouco frustada e cansada, mas segui em frente. Às vezes, elas acordam ao mesmo tempo para mamar, mas aprenderam a esperar. Se a coisa fica muito complicada, fico revezando a mamada.
Tentei dar para as duas ao mesmo tempo, mas ainda tá dificil porque elas não pegam o bico sem uma ajuda. Acho que quando elas ficarem mais velhas, será menos complicado. E mais prático também. Porque o processo de dar mamar para as duas é de 1h e meia. No fim, acabo dormindo só de duas em duas horas.
É uma dedicação total e exclusiva e não é nada fácil. Às vezes, tenho vontade de desistir e dar logo a mamadeira. Mas também me apavora não poder dar mais o meu leite para as duas. É realmente uma forma de carinho, um afago, um laço muito forte entre mãe e filho. Mas também pode ser muito cansativo, dolorido, frustante. Eu entendo quem joga a fralda para o alto e desiste. Não tenho tempo para nada, nem para fazer xixi direito, e mesmo que eu queira, não tem programação pré-definida. Tudo depende das mamadas.

Eu e Maria
Por enquanto, estou apenas tentando viver a minha experiência e meu objetivo agora é dar amamentação exclusiva até os três meses. É tão bom ver elas crescendo e engoradando. Aliás, deixa eu sair logo daqui pois já é chegada a hora, uma delas já está acordando. Até a próxima. Prometo que vou tentar não ficar tanto tempo sem escrever e fazer textos mais curtos, o problema é que fico tanto tempo longe, tem tanta coisa acontecendo...
Ah, e obrigada pelos comentários e pelas palavras encorajadoras. Quero responder tudo, escrever mais, porém me falta tempo. Recebi e-mails maravilhosos e estou louca para responder todos eles!