quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A arte de dar de mamar

Olá, meu nome é Tatiana e minha vida agora é dar de mamar. Sou uma vaca leiteira, dois peitos ambulantes e, devo confessar, que com muito orgulho! Eu vou contar uma coisa para vocês: amamentar é muito difícil. Acho que deve ser um dos maiores desafios da maternidade. Nunca imaginei que seria assim tão complicado, tão cheio de emoções, sofrível, doloroso e tão gratificante ao mesmo tempo. Ok, a minha mãe tinha me avisado, mas eu nunca achei que seria o que é. Como a gente consegue?

From LemeLeme.
Eu e Isabella depois do mama

Começa na maternidade. Você quer dar o peito, acha que vai ser uma coisa instintiva, que todo mundo já vai saber sua função, mas não é bem assim. É preciso treino, prática e paciência. Como as meninas eram muito pequenas, foi ainda mais difícil, elas não tinham força para sugar. E eu não tinha bico suficiente, apesar do peito gigante. Ninguém me explicou como era, fui fazendo como achava que deveria. E muitas vezes, elas não pegavam e acabavam mamando só o complemento. Me lembro um dia de manhã, depois de uma longa noite, eram 6h e elas tinha mamado pouco no peito, a Maria nem pegou. Chamei a enfermeira para dar o complemento e me tranquei no banheiro. Chorei como nunca. Chorei porque queria amamentar minhas filhas, por que eu não conseguia alimentá-las?

No desespero, chamei uma outra enfermeira, que tinha entrado naquele plantão, para me ajudar. Ela me mostrou uma posição diferente. Com o corpo do bebê na transversal, os pés tocavam as costelas da mãe e a cabeça fica na frente do peito. Assim, elas mamaram super bem. Mas, muitas vezes dormiam, não conseguiam ficar muito tempo. E eu querendo que elas engordassem desesperadamente. Não foi fácil. Porém, os dias foram passando e as coisas melhorando. Sim, isso acontece na maternidade! Olha que maravilha!

Quando chegamos em casa era alimentação totalmente materna, sem complementos. Mas um belo dia, elas começaram a mamar de uma em uma hora desesperadas. E depois dormiam cinco horas seguidas. Não pegavam o peito direito, foi uma confusão. Fiquei uma noite inteira acordada.Tinha uma coisa errada. Resultado? Estavam perdendo peso, ou seja, gastavam calorias para sugar e ainda não tinha leite suficiente no meu peito. Fiquei desesperada (sim, isso acontece muito com as mães nos primeiros dias) e pedi para adiantar a consulta do pediatra. Ele passou o complemento. Durou um dia. No dia seguinte, o meu peito tinha leite que só e elas não queriam mais o tal do Pré-Naan.

Ainda sim, chamei uma enfermeira aqui em casa para fazer uma consultoria. Ela veio e me deu os parabéns. Estava tudo indo maravilhosamente bem e, às vezes, neste estado, tudo o que a a gente precisa é da validação de outras pessoas para as coisas fluírem, acontece. Ela me deu a boa notícia de que dificilmente meu bico racharia e que a produção de leite estava em desenvolvimento. Uma coisa que eu fiz desde sempre foi ter passado o próprio leite no mamilo depois de cada mamada, isso me ajudou muito. A enfermeira, naquele dia, me ensinou a ordenhar, sugeriu que eu comprasse uma bombinha elétrica para dar meu próprio leite como complemento para as meninas e foi embora.

Desde então, as coisas melhoraram, mas ainda mudam muito. É todo um processo. Tenho bastante leite, bizarramente muito mais no seio direito. Não uso mais a bombinha, ordenho leite com a mão, a coisa toda demorava quase uma hora para tirar 20 ml e agora é questão de 20 minutos.

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Poses pós-mamadas

Estamos tentando estabelecer uma rotina de amamentação para as meninas. Foi dica do pediatra. A gente troca a fralda antes de cada mamada para que elas entendam que é hora de se alimentar. Elas, geralmente, seguem o intervalo de 3 horas, mas nem sempre. Às vezes, uma mama mais e a outra menos. Hoje, por exemplo, Maria mamou intensamente entre as 18h e as 22h, acontece. Fiquei um pouco frustada e cansada, mas segui em frente. Às vezes, elas acordam ao mesmo tempo para mamar, mas aprenderam a esperar. Se a coisa fica muito complicada, fico revezando a mamada.

Tentei dar para as duas ao mesmo tempo, mas ainda tá dificil porque elas não pegam o bico sem uma ajuda. Acho que quando elas ficarem mais velhas, será menos complicado. E mais prático também. Porque o processo de dar mamar para as duas é de 1h e meia. No fim, acabo dormindo só de duas em duas horas.

É uma dedicação total e exclusiva e não é nada fácil. Às vezes, tenho vontade de desistir e dar logo a mamadeira. Mas também me apavora não poder dar mais o meu leite para as duas. É realmente uma forma de carinho, um afago, um laço muito forte entre mãe e filho. Mas também pode ser muito cansativo, dolorido, frustante. Eu entendo quem joga a fralda para o alto e desiste. Não tenho tempo para nada, nem para fazer xixi direito, e mesmo que eu queira, não tem programação pré-definida.  Tudo depende das mamadas.

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Eu e Maria

Por enquanto, estou apenas tentando viver a minha experiência e meu objetivo agora é dar amamentação exclusiva até os três meses. É tão bom ver elas crescendo e engoradando. Aliás, deixa eu sair logo daqui pois já é chegada a hora, uma delas já está acordando. Até a próxima. Prometo que vou tentar não ficar tanto tempo sem escrever e fazer textos mais curtos, o problema é que fico tanto tempo longe, tem tanta coisa acontecendo...

Ah, e obrigada pelos comentários e pelas palavras encorajadoras. Quero responder tudo, escrever mais, porém me falta tempo. Recebi e-mails maravilhosos e estou louca para responder todos eles!

11 comentários:

  1. Oi Tati!! Estava ansiosa por notícias!! Continue firme, não desista da amamentação não!! Boa sorte!!

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  2. Oi Tati!
    Olha só, quando estava grávida da Alice, não li muito sobre amamentação e no hospital absolutamente nenhuma enfermeira deu nenhum tipo de instrução de como dar o mamá.
    Agora, refletindo sobre a experiência que estou vivendo há quase 5 meses vejo que foi assim: nos 2 primeiros meses a coisa é irregular mesmo. O bebê está aprendendo a mamar, a sugar e pegar o bico do peito da mamãe. O organismo tão imaturo deles também tá passando por todo um processo de adaptação e amadurecimento, então essa coisa de que o bebê mama de tanto em tanto tempo e certinho não é assim tão real. Não te preocupa se o intervalo entre as mamadas variar 1h, 2h ou 3h. Se no dia da consulta os bebês estiverem ganhando peso, isso é que importa de verdade!
    Sobre um peito ter mais leite que o outro, os meus também ficavam assim, ficavam cheeeeinhos e lá ia eu pingando pela casa toda! Depois dos 3 meses a produção estabilizou e nem parece que tem leite, mas se eu aperto esguicha!!!
    Eu não sei como isso tudo acontece quando se tem dois bebês, certamente essa adaptação muda de organismo pra organismo, sendo aí contigo 3 pessoinhas, deve ser mais trabalhoso!
    Te desejo tudo de bom, que tuas meninas mamem muito, que vocês consigam juntos aprender e passar por essa faze inicial e que as lindas ganhem muito peso e fiquem gordinhas e cheias de dobrinhas!
    Beijos!

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  3. Tati,
    escolhas e experiências são individuais. Eu amamentei no peito e dava complemento em seguida; eles mamaram no peito até o 6º mês, e pararam por conta própria.
    Tive boa orientação na maternidade da "pega" do peito, e depois que levei os bebês ao pediatra ele disse para não deixá-los pindurados no peito por mais de 20, pois neste tempo eles mamam cerca de 95% do leite; passou desse tempo eles se cansam, não mamam nada e ainda não tem força para encarar uma mamadeira.
    Você encontrará opiniões bem divergentes das minhas; mas digo seguramente - fiz o melhor pelos MEUS filhos e eles são grandes e saudáveis.
    Dois peitos foram feitos para 1 bebê, então, leite materno e complemento em seguida no caso de gêmeos.
    EU (euzinha, heim?) sou a favor de rotinas e horários, nada de ficar no peito por tempo indetermido.
    Amamentar é prazeroso, apesar de difícil, e adorei ter esse momento de intimidade com meus bezerrinhos.
    Beijo, boa sorte e fique com Deus,
    Roberta, mãe dos gêmeos Rute e Miguel

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  4. é ótimo, é tenso, é cansativo, quase esgotante. mas compensa. ah, se compensa!

    tati, se precisar de qualquer ajuda, sei lá, uma força na casa na hora de lavar uns pratos, no blog ou em qualquer outra área, é só gritar, viu?
    falo sério!

    beijos

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  5. Tati,
    Essa é a melhor fase, somente você e elas e mais ninguém. A amamentação é um momento único. A cada mama é uma emoção diferente, também quando aprendemos a conhecer nossos filhos, a respiração, os gestos. Quando lembro dos meus, meus olhos enchem de lagrimas, como queria que eles fossem sempre deste tamanho. Enfim estou daqui torcendo sempre por você, a cada descoberta, frustração e tudo mais, assim como fez comigo e Karen.
    Saudades.

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  6. Sua vida vai demorar a ser sua novamente, mas qd voltar a ser vc ficará repleta de lembranças. Amamentar um bb é difícil(imagina só dois!) mas é uma intimidade maravilhosa, faz paarte do processo de saida dos bb's. Estavam dentro de vc, agora fora mas bem juntinhos e depois engatinham, andam, ganham o mundo nesse processo de descolamento. Aproveite. E arrume forças p persistir qd tudo parecer um caos.
    Ro Souza

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  7. Fico aqui imaginando a sua dificuldade em função de ser 2 bbs né?
    Mas tenho certeza q vc tira de letra pq agora vc é mãe. E nada é mais forte que essa palavra! =)
    Tô na torcida!!!

    Beijo

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  8. Boa sorte Tati!!! Vou acompanhar a rotina dessa linda família! Beijoos!

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  9. Boa sorte, Tati! Essa é sem dúvida uma experiência linda, mas muito difícil. Eu que só tive uma bebê achei, imagine você com duas?! Mas como tudo na maternidade, é apenas uma fase. Eu passei uma situação muito parecida com a sua. Só que no meu caso eu não tinha leite. Chorei e me desesperei muito. Era horrível ver minha pequena querendo mamar e não sair nenhuma gota de leite. Pra você ter uma idéia nem colostro saia. Dizem que isso é normal. Mas pra mim foi uma fase de muita angustia. Por conta disso tive que ficar muitos dias no hospital. Sai quando um anjo de enfermeira me ajudou. Nunca vou esquecer o que ela me desafiou a fazer. Ela me instruiu assim... Quando o complemento da minha filha chegasse eu deveria colocá-la no peito por meia hora. Se na hora que eu tirasse ela eu sentisse que ela não estava satisfeita era pra dar o complemento, caso contrário não precisava dar. E eu disse aos prantos: Mas como ela pode ficar satisfeita se não sai leite? E ela me disse que só de ela estar perto de mim, já ficaria satisfeita e que isso estimularia a produção de leite. Parece loucura. Eu sei! Mas eu confiei nela e agi com muita fé. E fiz exatamente como ela falou. Depois disso ela nunca mais tomou o complemento, voltamos pra casa um dia depois, e com meus seios enooooormes de tanto leite :D

    Enfim... Vai dar tudo certo. Agorinha elas estarão gordinhas e fortes. E você com saudades dessa fase. Beijinhos

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  10. aiii mulher... Força!
    Eu já não me vejo com muito tempo hoje, que estamos só na 28ª semana... imagina quando ele chegar..rs. Meu blog também vive abandonado. Estou tentando manter pelo menos a atualização semanal.

    Linda a sua garra, e continua assim que logo logo melhora. Você se adapta, elas se adaptam.

    Beijos

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