- Mamãe, queio lavá loça!
Ela aponta pra pia habitada por potes e algumas formas de bolo e já vai puxando o banquinho pra subir. Eu respiro fundo e penso: "ah, não vai fazer uma sujeira, vai molhar todo o chão da cozinha, não vai dar certo". Depois, em uma fração de segundo me vem o pensamento na cabeça: "por que não?". Se eu tivesse dois anos e amasse brincar com água não ia adorar poder mexer na pia da minha mãe? Por que não deixar ela se divertir e ainda incentivar um bom comportamento de querer limpar alguma coisa? Só pela bagunça? Então, eu disse, "tudo bem, Maria, mas sem bagunça, viu?" Já rindo da ordem que não ia se concretizar, mas não custa nada lembrar. Logo depois veio a Bella com outro banquinho e elas ficaram ali, mexendo na água, passando a esponja, derrubando água de um pote pro outro. Fiquei perto das duas, mas deixei elas brincarem sem ficar em cima. No fim, bastou passar um pano no chão para secar a água e pronto.

Concentradas
Ultimamente tenho pensando muito sobre o que é realmente impor limite e o que é limitar. Em ensinar o que não pode porque não é certo ou perigoso, por exemplo ou porque "faz bagunça, você não vai conseguir ou vai dar uma trabalheira danada". Acho que na verdade eu sempre pensei um pouco nisso, seja quando elas eram bebês e queriam pegar nos objetos "proibidos" ou mesmo agora com dois anos onde elas estão se descobrindo através do mundo e expressando com tanta força seus desejos. E eu sempre tentei deixar as duas livres, queriam mais era que elas se desenvolvessem e explorassem tudo. Mas, como diz uma amiga "ser didática dá trabalho". E muitas vezes a gente ainda vem com uma carga educacional muito antiga que diz "nossa, mas esse menino/menina pode fazer tudo, mexer em tudo, que absurdo". E, convenhamos, essa "liberdade" fez com que as meninas ficassem curiosas, queriam mesmo mexer, fuçar e eu me sentia super mal achando que não estava educando minhas filhas direito porque elas mexiam em tudo. E, confesso que até hoje não tenho certeza absoluta. Oi, meu nome é Tatiana, sou mãe de três e tentando desesperadamente encontrar o equilíbrio.

Bella passando geleia no pão
No fim das contas, eu tenho dito mais sim, do que não para as minhas meninas. E pro meu menino tb, por que não? Ele tem o peito a hora que quer e quando quer. E pra isso, estou me libertando. Me libertando dessas amarras de que pais tem que impor limites, tem que dizer não o tempo todo. Pois estou descobrindo que dizer sim também é educar, e muitas vezes é muito mais difícil, porque o não, impede. O sim, faz acontecer. Estou usando o sim como um caminho, para ensinar também. Pode ser que outros pensem "mas elas mexem em tudo! Como assim ela abre a geladeira e pega o que quer?". Pois é essa a realidade, pais e mães julgam outros pais e mães, acostumem-se. Assim como eu penso: "mas por que não deixa a criança brincar na areia? Se lambuzar com terra? Ou tomar banho de água fria da mangueira". E blá-blá-blá. Cada um escolhe seu caminho e tenho aprendido cada vez mais sobre isso. Cada família tem seu esquema e esse tem dado certo por aqui.
Tenho dito sim para as meninas quando elas querem se servir sozinhas no almoço. Faz bagunça, de fato, mas é uma forma de incentivar as duas a comerem melhor e sentarem na mesa com a gente. E elas adoram se servir. Dose de paciência e desapego necessários. Eu acho que nunca fiz tanta negociação na minha vida como agora, é negociação para escolher roupa, tomar banho, comer e, o sim, faz-se necessário. Outra coisa que me quebra aqui é o "por favor", "obrigada" e "desculpa", a gente ensinou pra elas desde de sempre e elas usam muito. Como não tentar reforçar uma atitude positiva dessa? Pois é. Estamos descobrindo juntos. eu, Marco e meninas todas essas novas facetas de ter dois anos e vamos em frente.
Com muito amor e sim, por que não?

Untando forma de bolo