
Fiquei bem pensativa durante o nosso passeio e veio na minha mente, tantas outras aventuras com a Mamá e a Bella. As manhãs no parquinho, as andanças no nosso carrinho duplo, as conversas com desconhecidos que adoram perguntas sobre gêmeos, as brincadeiras debaixo do bloco, os desenhos, os brinquedos em casa, colocar as duas pra dormir depois do almoço, os banhos inesperados nas tardes de secura com direito a piscina no boxe. Tanta coisa. É claro que era difícil, é claro que existiram dias em que eu me trancava no banheiro e chorava um pouquinho e quando chegava o fim de tarde eu contava os minutos pro marido chegar em casa. Mas como era bom! E eu posso dizer que aproveitei muito. Muito mesmo.
Ter ficado em casa com as meninas nos primeiros anos de vida delas foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Não acho que tenha sido bom pra elas só, mas, especialmente, pra mim também. Tenho as melhores lembranças e memórias, e o melhor, continuo tendo. Não é uma decisão fácil, muita gente me escreve perguntando sobre isso porque realmente é complicado largar tudo e ficar em casa para ser apenas mãe e dona de casa. Só posso dizer que é uma decisão muito pessoal, que é preciso ter o apoio do marido, abrir mão de certas coisas (aqui vendemos um carro, por exemplo, e cortamos alguns luxos), apertar outras, se adequar. E tudo o que eu posso dizer é que vale muito a pena. Muito mesmo.

Agora, em um momento que eu volto a trabalhar, ainda que seja de casa, vejo o quanto é difícil conciliar as duas coisas, mas não impossível. Para quem não sabe, estou fazendo bolos! Acabei de abrir um foodtruck, a Komboleria, com meu irmão e estou fazendo bolos para vender na kombi e por encomenda. Apenas receitas que eu fazia para as meninas, tudo feito com açúcar demerara e o mesmo amor. E grande parte das receitas são sem lactose (algumas inclusive já foram publicadas aqui). Então, mesmo com o Francisco pequeno, estou trabalhando. E está sendo bem difícil pra mim conciliar tudo. Na verdade, nas últimas semanas me deparei com vários dilemas, queria dar conta de tudo e não dou. Não é?
Quando comecei a fazer os bolos, minha única "exigência" é que eu queria fazer isso de casa e que as crianças estejam sempre por perto. Muitas vezes não consigo fazer as coisas com elas no meio de tudo, é verdade. Quase sempre é caótico e tenho ficado exausta, essa é a verdade. Em dias que temos evento, elas vão pra casa dos avós, por exemplo. Se fica muito caótico, o marido (que de manhã está em casa) desce sozinho com elas. Além disso, dei o braço a torcer e contratei uma empregada para me ajudar com a casa, porque não sou super mulher e não dou conta de tudo. Aprendi ser mãe e empreendedora é preciso ter apoio ou criar uma rede de ajuda, um esquema, um back-up. No meio do trabalho todo, de tempo em tempo, paro para amamentar o Francisco, que está grudado comigo. Ainda estou tentando achar equilíbrio nisso também. Tento não trabalhar de manhã quando elas estão em casa, só à tarde quando elas estão na escola ou depois que todo mundo já dormiu.
Ainda fazendo tudo de casa e estando perto, às vezes também me questiono: o que eu tô fazendo? Não era melhor deixar como estar e ficar só com as crianças? Quero ficar com elas, mas ao mesmo tempo não dou conta de tudo e muitas vezes meu trabalho sai prejudicado. Ainda estou tentando trilhar esse caminho de mãe empreendedora, na verdade. Também tenho meus sonhos e desejos, como morar em uma casa, por exemplo, nosso próximo objetivo. Por isso, estou tentando o equilíbrio, minha gente, como sempre. E estar bem com suas decisões, seja ela ter um filho só ou três, trabalhar fora ou ficar em casa, amamentar ou complementar. Ter segurança no que você quer, ainda que haja dúvida (e sempre haverá), seguir seu coração.