segunda-feira, 4 de maio de 2015

Um longo desfralde

Eu era a pessoa mais empolgada do mundo para fazer o desfralde de duas crianças. Era uma coisa linda, me livrar das fraldas, independência, imagina a economia! Por isso, era uma questão de necessidade também porque eu me pegava pensando como seria trocar fralda de três crianças ao mesmo tempo, já que tudo começou quando eu estava grávida do Francisco. Tentei duas vezes durante a gravidez e não deu certo. Na primeira vez, achei que elas não estavam prontas e quando elas deram um sinal mais efetivo eu já estava com mais de 30 semanas e era difícil ficar limpando xixi no chão e abaixando para tirar e colocar calcinha, vamos combinar.

Depois que elas entraram na escola, a Maria deu alguns sinais e resolvemos tirar a fralda. A Bella acabou indo no embalo, ela não deu sinal algum, aliás. Aconteceram vários acidentes, muitos mesmo. Quase todos os dias xixi na calcinha e nada de cocô no vaso. Ou era na calcinha ou acabava na fralda. Foram meses nessa, e conversa com a professora, e coloca fralda de novo ou não, tira de vez e vamos ver, vaso, penico, vaso, grama, penico, chão. Quando a gente saia, colocava fralda e acho que isso só dificultou o processo. Tudo o que eu lembro é que foi longo. Durou quase um ano.

Tempos depois, como quase sempre acontece aqui em casa, as meninas mudaram de posição. A Bella simplesmente desfraldou total e a Maria fazia xixi direito no vaso, mas cocô era sempre na calcinha. Ela não queria fralda. Ela simplesmente fazia cocô e não pedia e nem avisava depois. A gente só via aquele bolo na calça ou na calcinha, eventualmente, ou sentia o cheiro. Foram, no mínimo, seis meses limpando cocô na calcinha. Sem contar as inúmeras aventuras que passamos quando isso acontecia em lugares públicos.


Além, obviamente, do trabalho de cuidar, limpar e tentar ensinar que cocô era no vaso e etc, ainda tinha o desgaste emocional. Tentamos de tudo, a gente conversou, brigou, perdeu a paciência, criou estratégias, tentou adivinhar as expressões dela para antecipar o ocorrido, leu livros, conversou, conversou, conversou. Pensei até em fazer um sistema de premiação, algo que sou totalmente contra, mas fiquei com medo de ser fisiológico e ela ficar ainda mais frustrada porque não tinha ganhado uma estrelinha no quadro.

Eu sempre me questionando o que eu estava fazendo de errado? Me sentindo fracassada em ensinar algo tão simples pra minha filha. Por que? Quando eu conversava com alguém sobre o assunto sempre vinha aquela pergunta: “mas será que ela não precisa um pouco mais de atenção?”. E aquilo, no fundo, doía em mim. Como assim falta de atenção? Eu que estou sempre presente, fico em casa com eles, estou totalmente dedicada à maternidade, ainda sim falta atenção? Bem, podia ser que sim. Eu estava totalmente perdida nessa.

Até que eu resolvi parar de ficar obsessiva com aquilo. Tinha que limpar cocô na calcinha todo dia. Tudo bem. Bora limpar. A gente passou a ver isso como um processo e não como um problema. Uma hora ela ia aprender. Tivemos uma conversa com a psicóloga da escola que abriu meus olhos também e me deu um porquê, que aquele era o tempo dela, que era uma forma dela ainda ser bebê, e que aquela podia ser uma reação tardia ao nascimento do irmão.

Então, um belo dia, ela começou a fazer cocô no vaso. Foi assim, foi lá e começou a fazer. Tão simples e tão complicado ao mesmo tempo. Mas não são assim todas as coisas que passamos com a maternidade? Teríamos feito alguma coisa diferente? Ou será que foi deixar de rotular e focar no problema para ele ser resolvido? Eu e o Marco nos entreolhamos depois de muito debater sobre o assunto e demos de ombros. Seria mais uma daquelas coisas sem explicação que acontece quando nos tornamos pais. Foi tal coisa ou tal coisa? Não sabemos, mas aprendemos com eles que as coisas se resolvem e que a vida acontece, nos resta guiá-los pelo caminho, sabendo que de vez em quando vamos cambalear, voltar atrás, tentar de novo, e torcer sempre pelo melhor. E entender que nem tudo precisa de explicação, motivo, causa e efeito, mas que existe o viver.



Ah, sim e a minha conclusão do desfralde é o seguinte: eu acho que fiz tudo errado, número um. Segundo: não force, quando a criança estiver pronta, ela vai estar pronta. 

9 comentários:

  1. Oi, Tati! O desfralde por aqui começou muito bem com as meninas. A primeira foi uma maravilha,a segunda o xixi até foi bem, mas o coco um pequeno drama. Agora com os gêmeos... Desespero total! Foi e ainda é a noite pois não consigo de jeito nenhum tirar a fralda da noite (4 anos e 1/2 eles têm). Já tentei várias vezes e é sempre a mesm coisa, protetores detonados de tanto lavar. Todo dia! É muito xixi! Sei que devo estar fazendo tudo errado e agora desisti por enquanto. Não dar líquido depois das 18h por aqui é impossível, controlo e dou o mínimo possivel, mas como negar água? Que aflição! O pediatra diz que por hora ainda vamos tentar e eu vou tentar de novo nas férias de julho. Boa sorte pra mim! E que bom que deu certo no final pra vc!
    Beijo

    querendoserblogueira.blogspot.com.br

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  2. Concordo com voce Tati!! Aqui em casa Ben acabou desfraldando durante nossa viagem pra Disney. Ele tinha 2a10m. A grande maioria dos amiguinhos da escola ja tinham desfraldado. Mas eu nao queria ultrapassar nenhuma etapa ate ver que meu filho estava pronto. E do nada ele comecou a pedir para usar o banheiro, que nem a gente! Assim que tirmaos a fralda do dia, a da noite tambem foi embora. E desde entao nunca deixou escapar um xixi ou coco. Acredito que porque eu respeitei o tempo dele! Tem criancas que desfraldam muito antes, outras muito depois. O importante é a gente respeitar o tempo de cada um!
    A chupeta foi a mesma coisa: dentista, outros pais, pessoas proximas.. todos dando palpites! Mas nos so tiramos quando percebemos que era a hora e isto nao causaria grandes traumas no Ben. E foi o que aconteceu!! Na Pascoa le trocou a cesta de ovos com o coelho: cortou 2 chupetas e a enterrou no jardim da vovo! Pensei: ele vai ver a Helena de chupeta e vai querer tambem. Mas nunca aconteceu! Toda vez que ele acha alguma pela casa, ele da para ela e fala que ele nao usa mais, pois ja é grande!!
    Boa sorte por ai!! Tens uma familia moderna maravilhosa!

    Beijos,
    Aline

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  3. Olá!

    Por aqui ainda é muito cedo para o assunto, mas é sempre bom saber como rolou com outras mães, né?

    Aliás, adoro a forma.como relata a vida!

    Beijo!

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  4. Eu era só uma menina de 17 anos quando tive minha primeira filha, mas isso não me impediria de saber o que eu não queria para ela e para nós. Eu entrei no supletivo para não parar os estudos e a levava comigo todas as noites, um dia durante uma visita a biblioteca eu achei um livro de Marta Suplicy sobre sexualidade infantil e passei a lê-lo. Foi um divisor de águas para mim pois ele me ajudou a entender a perspectiva da criança. Eu precisava me sentir segura, para passar segurança a ela. E foi muito tranquilo, aprendi os intervalos e perguntava a ela se ela queria ir ao banheiro, ela dizia que não ou sim. No início eu dizia a ela que iria leva lá para ela fazer xixi no vaso, eu a colocava e a abraçava ao mesmo tempo, circulava minhas mãos ao redor das suas costas para que ela tivesse confiança de que não iria cair ou se acidentar, primeiro durante o dia e depois a noite, quando saiamos ela estava tão acostumada ao uso do vaso que pedia para ir, não queria mais a "fralda de precaução" que usávamos quando estávamos fora. Durante toda a noite a levava apenas uma vez para fazer xixi, a colocava no colo, a levava até o vaso e dizia bem baixinho no ouvido: faça xixi filha, e ela fazia. As vezes a levava ao banheiro e ligava a torneira e ela respondia a aquele estímulo fazendo xixi. E foi assim com confiança e aprendizado que aos 1 ano e 4 meses minha filha parou de usar fralda. Li sobre os "escapes" e aprendi também a lidar com isto, eles nos ensinam muito mais do que nós a eles. :*

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  5. Viu Tati adoro o blog e o insta de vcs! Sinto falta de videos de vcs no insta !!rs bjs

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  6. Gostei do comentario mas ind é cedo. Beijos

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  7. aaii socorro! minha filha com 2 anos e 7 meses, e so no chao. diaas so de calcinha e nao quis sentar no vaso ou penico nenhuma vez. nem sei mais o que fazer, ja tentei de tdu! acho que irei me apegar na sua ultima frase!

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    1. então é bem provável que ela não está preparada. dê tempo ao tempo e deixe ela mostrar os sinais ;) boa sorte! beijos

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  8. Obrigada pelo post, estamos passando por isso e é bem intenso, frustrante e o sentimento de culpa vem om tudo.

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