A amamentação de gêmeos, então, é um caminho ainda mais árduo, mas que vale muito a pena. Precisamos de muito apoio e informação, e precisamos, em especial, saber que é possível. Lembro muito bem quando eu tive as meninas ouvi vários comentários do tipo "mas como ela vai conseguir?" ou "é impossível não complementar com gêmeos". Eu amamentei as meninas até os 8 meses, mas sinto que poderia ter feito muito mais se tivesse empoderada. Para tentar disseminar essa amamentação exclusiva é possível, aí vai um lindo relato feito pela Mariana Perestrelo Campagnoli, mãe da Carolina e da Clara, que primeiro lutou por um parto natural gemelar e depois venceu os desafios da amamentação em dose dupla. Inspirem-se:
Mari e suas meninas. Foto: Renata Penna |
"Devo começar contando que fui uma bebê bem mamoma rs.
Minha mãe e irmãos contam que eu mamava o tempo todo! Sem nunca usar mamadeira
ou chupetas, mamei até três anos e pouco! Cresci ouvindo que, não importava
onde estivéssemos, se eu quisesse mamar, ia lá e pegava o tetê. Simples assim.
Para mim, isso sempre foi o curso natural das coisas.
Dito isso, cresci, casei e engravidei - de gêmeas!
A vida tem dessas surpresas...
E eu, que a vida inteira dizia que nunca daria mamadeira
ou chupeta para meus futuros filhos, me vi num túnel sem luz no final. A amamentação
de um bebê já não é incentivada, imaginem vocês de dois!
Durante os nove meses de espera, conheci outras mães
gemelares que tinham conseguido amamentar exclusivamente e prolongadamente, e
fui vendo que, mesmo sendo difícil, seria possível.
Linha dura que sou, decretei: Na minha casa não entra
leite artificial, mamadeira ou chupeta.
E confiei, né?! Porque até elas nascerem tudo que eu
podia fazer era me informar e confiar.
Ouvi de tudo nesse período: que seria muito difícil, que
as mulheres de hoje não produzem leite bom como no passado (???), que mataria
minhas filhas de fome por um capricho.Cheguei a ganhar um limpador de
mamadeiras não identificado no meu chá de bebê (obrigada, serviu para limpar os
potes onde eu armazenava o MEU leite), e também um pote de guardar leite em pó.
Enfim as meninas nasceram, num lindo parto normal, vieram
imediatamente para o meu colo, e mamaram na primeira hora de vida! Para evitar
alguns protocolos do hospital, levamos uma ótima pediatra já para a sala de
parto, o que nos livrou do leite artificial e/ou água glicosada no berçário
(procedimento padrão em grande parte das maternidades que insistem em separar
os bebês saudáveis de suas mães).
Chegamos em casa e o medo de não dar conta chegou junto
com o turbilhão de emoções do puerpério. As dores da adaptação à amamentação e
a exaustão por não dormir por mais de 1:30h seguidas me fizeram chorar de
desespero.
Mais uma vez, conversar com quem já tinha vivido essa
experiência me tranquilizou!
Além disso, chamei uma consultora de amamentação pra vir
em casa, foi o melhor investimento que fiz na vida!!! A Fabiola, além de saber
tudo de aleitamento, sabe tudo sobre puerpério, e, não fossem as palavras dela,
eu teria sucumbido. Com ela aprendi sobre a pega correta, posições para amamentar
as duas bebês simultaneamente e, o principal: aprendi a deixar fluir e confiar
em mim e nas minhas meninas. Nosso corpo é perfeito, foi feito pra isso, e
saberia muito bem dar conta da missão!
Os dias foram passando, meu corpo foi se adaptando a não
dormir mais como antes, e eu aceitei que esse período é muito breve comparado
com toda vida que temos pela frente, e certamente vai passar mais rápido do que
eu imagino que vá - e provavelmente sentirei a maior saudade de ter as duas
plugadinhas em mim.
Quando as meninas estavam com dois meses e alguns dias,
comecei a me sentir muito mal. Nesse período estava me preparando para ordenhar
leite e deixar de reserva para um casamento em que seria madrinha, então
precisava garantir que caso elas quisessem mamar durante a cerimônia ou sessão
de fotos, alguém oferecesse o meu leite. Queria tanto garantir que estimulei
demais e ganhei uma mastite. Cuidei, e a dor no seio passou, mas continuava me
sentindo mal. O diagnóstico? Dengue. E, indo contra as recomendações médicas,
segui amamentando em livre demanda, sem oferecer nenhum outro leite pra elas.
Mais um perrengue superado!
Pouco antes dos quatro meses, foi hora de voltar ao
trabalho. Comecei a preparar o estoque de LM uns 20 dias antes de voltar, e
nesse período enquanto não estava amamentando, estava com a bomba dupla
acoplada nos seios. Com a prática chegava a ordenhar 350ml em menos de 10
minutos! (foram muuuitos dias pra chegar nesse marco, sempre com a bomba
dupla). Voltei, e elas tomavam o LM no copinho, colher ou copo de bico rígido.
Passamos alguns dias nessa louca rotina, até que optei por sair do trabalho e
cuidar integralmente delas.
Chegamos aos seis meses de amamentação exclusiva! Enfim
começaríamos a introdução de alimentos, e eu pensava que elas passariam a mamar
menos. Engano meu!
Carolina e Clara só queriam saber de tetê!
Foram três, quase quatro, longos meses para que elas, de
fato, aceitassem outros alimentos. E a partir de então passaram a comer super
bem, e continuaram também mamando muito bem!
Agora já são 20 meses de amamentação gemelar, e elas
nunca tomaram outro leite que não fosse o meu. Comem muito bem, alimentos
saudáveis e nada de industrializados, e crescem e se desenvolvem num ritmo
alucinante.
O que mais tenho escutado recentemente é: "mas até
quando elas vão mamar?"
Querem saber minha resposta?
Do fundo do meu coração, não sei!
Espero, claro, que seja até quando elas não queiram mais.
Vai ser até quando estiver bom para nós três. Quando, juntas, eu e elas,
decidirmos que não queremos mais.
Essa relação é só nossa, e tenho pra mim que deu (e segue
dando) certo, porque nunca permitimos que outras pessoas tivessem poder de nos
influenciar. É o laço de amor mais forte e valioso da minha vida, e até a última
gota de leite, seguirei cuidando com todo amor do mundo"
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Agradeço muito esse incentivo
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