terça-feira, 17 de abril de 2012

A descoberta de uma mãe

Muita gente acha que é só a gente receber aquele ser pequeno (no meu caso, dois) nos braços para automaticamente um botão ser acionado para se tornar mãe. O parto é um momento único, mágico, incrível, surreal, mas ele é apenas o início de tudo. Ser mãe não é tão simples assim. Ser mãe é um processo. Doce ilusão a minha achar que naquele momento tudo ia ficar cor de rosa, eu ia saber o que fazer, eu ia cuidar de tudo e assim viveríamos felizes para sempre. Eu descobri que ser mãe é uma escolha diária, um aprendizado sem fim.

Foram três meses para tentar entender isso. Primeiro, a gente fica encantada, com frio na barriga, mas vai ganhando confiança aos poucos. Sim, tem aquela coisa da magia, de olhar o bebê e sentir um amor imenso. Mas, vamos ser sinceras, naquele primeiro mês a gente ainda está conhecendo aquele ser. Nós dois (no meu caso, nós três) ainda estávamos nos acostumando uns com os outros. Eu, muitas vezes, me senti perdida, sem conexão, achando que aquela fase confusa não ia acabar nunca. A verdade é que eu não consegui entender tudo aquilo. Sim, a minha vida mudou completamente e eu precisa aceitar aquilo. Parecia óbvio, mas não era. E por mais que a gente se prepare nove meses para isso (no meu caso, oito) por mais que a gente ache que sabe tudo, não está e não sabe.

Quando as meninas estavam com dois meses, um dia eu caí em um choro compulsivo. Estava cansada de quebrar a cara. Todas as expectativas que eu criei para este momento único na minha vida tinham ido por água abaixo. Eu queria um parto normal, queria amamentar as duas facilmente e a qualquer custo, queria dar conta de cuidar delas sozinhas e não consegui nada do que eu esperava. Nada. Eu tive que me livrar de tudo isso. Receber ajuda era uma coisa muito difícil para mim. Ter uma babá era impensável. E aqui estamos nós com uma ajudante e uma faxineira.

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Eu escutava todo mundo falando "essa fase vai passar, você vai ver, vai passar". E eu achava que ia passar mesmo, literalmente, que aquilo não era permanente, que as meninas não iam ficar do meu lado o tempo todo e por um bom tempo. Foi uma sensação esquisita, mas eu não sentia que era definitivo. Eu queria a ajuda da minha mãe, a única pessoa que eu confiava, o tempo inteiro. Estava sempre cansada, desesperada, exausta e a coisa parecia que não ia ter fim. Até que caiu a ficha. Elas vão ficar aqui para sempre! Duh! Parece óbvio, mas, às vezes, eu sentia que elas estavam "emprestadas" e que era só uma fase mesmo. Até que eu descobri que não. Eu me vi com elas para todo sempre, crescendo juntas. Eu era a cuidadora e me descobri assim. Eu me coloquei disponível para as minhas filhas. Em uma noite difícil com as duas, eu pensei "estou aqui, não tenho pressa, não vou a lugar nenhum, vou ficar o tempo que for com vocês". E toda a coisa mudou de figura, elas foram ficando mais calmas, eu fui ficando mais confiante e logo já estávamos bem, nos entendo. E tem sido assim desde então.

Naquele início eu sentia que estava lutando contra o mundo. Sabe aquele filme de sessão da tarde "Tudo pela minha filha", que a menina é sequestrada e a mãe corre atrás igual uma louca? Eu me sentia assim todos os dias. Todos os dias era uma decisão, toda hora eu tinha que tomar uma atitude firme para provar para mim e para os outros que eu sabia o que estava fazendo. Até que um belo dia eu descobri que sabia mesmo. Eu sei quando é fome, quando é desconforto, quando é sono. Às vezes, ainda bate aquela dúvida, mas não me sinto mais mal. Sei que, em breve, eu e elas vamos nos entendendo no nosso tempo.

Ser mãe é uma tranformação muito grande e constante, por isso é tão difícil. Ela traz à tona uma série de sentimentos e todas as facetas de você mesma. Algumas pessoas se fecham para isso, preferem fugir da responsabilidade, esquecer aquele turbilhão de emoção todo e eu entendo isso, mas resolvi me jogar de cabeça. Talvez por isso, bato com ela (a cabeça) tanto assim. Mas não poderia ser de outra forma. Nunca cresci tanto, aprendi tanto, rezei tanto. Sou eu e não sou mais eu, ao mesmo tempo. Pois vamos parar de filosofar que a vida tá acontecendo aqui do meu lado. É isso, virei mãe.


6 comentários:

  1. Que post lindo, Tati! Ser mãe é maravilhoso. Parabéns! bjs.

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  2. "estou aqui, não tenho pressa, não vou a lugar nenhum, vou ficar o tempo que for com vocês" - emocionante, amiga! =*

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  3. Lindo Tati!!! A tua frase foi perfeita! A tendencia é só melhorar!!! =)
    Quando elas estiverem sentando, entendendo mais as coisas, engatinhando, tu vai ver que tu vai conseguir tempo pra ti também! Acredite ou não, mas eu consigo sentar no sofá e ver tv! hehehehehe

    bjao!

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  4. Q post lindo! Sim, vc descobriu que seu mundo agora é as suas bonequinhas lindas e que isso é maravilhoso... é verdade, não é preciso ter pressa e é assim que as coisas entram nos eixos. Não sou mãe ainda, mas qdo for quero ser como vc! Bjs

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  5. Suuper verdade e realidade!
    Me senti assim tbm,mas um dia acordamos!

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  6. Amiga, morri de chorar aqui na redação.
    È isso mesmo. Um dia a gente para de se analisar tanto, de achar que algo esta errado, de achar que podiamos ser melhores, de achar que podia ser melhor. Um dia cai a ficha e a gente entende que é dali pra sempre. E então essa calma, automaticamente, torna TUDO melhor.
    Elas estão lindas. Com olhos enormes e lindos, cheios de vida! E gordinhas! Muito gostosas!!!!
    Beijos nessa família linda!

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