terça-feira, 27 de outubro de 2015

Por uma nova cultura de amamentação

Há algumas semanas milhares de pessoas compartilharam a foto da apresentadora Fernanda Gentil com um depoimento sobre a amamentação e como não foi possível pra ela. Quando eu li o texto senti muito pela Fernanda e por todas as mulheres que iriam se identificar com aquela foto, senti mais por saber o que causava essa frustração nela, um problema que eu mesma passei na minha primeira gravidez: falta de informação e apoio. Muitas mulheres não conseguem amamentar e não é porque o leite secou ou pelo bico invertido, por exemplo, é porque não temos uma cultura de amamentação que incentiva e nutre a mulher com os dados certos. Desde de casa até os próprios profissionais dentro da maternidade. Amamentar não é fácil, automático ou instintivo, e por isso passamos por um processo para conseguir alimentar nossos filhos de forma natural. Estou cansada de ver mulheres frustadas com isso, carregadas de culpa, sem poder ter a experiência transformadora que é amamentar.


No mês passado participei de um projeto de um casal muito querido e amigo, o Sávio e a Irmina, pais de dois, e criadores do Panoptes Fotografia Criativa, que queria justamente quebrar preconceitos e incentivar a cultura da amamentação. Eles fotografaram uma série de mulheres amamentando em espaços públicos para mostrar que podemos estar inseridas em qualquer cenário e não precisamos ter vergonha de dar o peito. Eu tinha escrito um depoimento para eles sobre a minha história com a amamentação e senti que precisava compartilhar aqui também

“Minha primeira experiência com a amamentação foi dolorida, não foi como eu imaginava ou queria. E acho que alguns dos “pré-conceitos” que eu tinha sobre amamentar não ajudaram em nada. Achava que dar de mamar era instintivo, mas tive pouquíssimo contato com quem amamentasse. Na minha cabeça todo bebê mamava mamadeira, mesmo que ele mamasse no peito, foi assim comigo, com meus primos, meus vizinhos, meus amigos, porque não seria com meus filhos? Também fui uma dessas pessoas, antes de ter filho, que olhavam torto para uma mulher que tira o peito pra fora e amamenta o filho em qualquer lugar. Amamentar até os dois anos? Coisa de gente louca, só podia. Enfim, sabia que amamentar era algo natural, mas acho que pra mim nem tanto, né? Quando eu dava de mamar para as meninas e elas soltavam o bico eu ia logo cobrindo peito, tentava não mostrar, ficava inibida. Talvez pelos comentários que eu ouvia dentro da minha própria família que a mãe que amamentava “não precisava ficar com peito pra fora”. Foi só lendo muito, minada de informações que eu fui conhecendo o poder do leite materno e os benefícios que ele traz não só para o bebê como pra mãe. E com a segunda gravidez/terceiro filho me senti segura e com a liberdade, porque essa é a palavra certa neste caso, de amamentar meu filho, quando quisesse e aonde quisesse. Me libertei dos meus medos e de todos esses conceitos e foi um processo para chegar até aqui. Por isso vejo como é importante quebrar essas imposições que foram impostas nas mulheres, especialmente na geração das nossas mães. Amamentem com orgulho, seus filhos não estão sendo beneficiados só com nutrientes, mas estão inseridos dentro do que é natural e real”.















A melhor forma de se preparar para a amamentação é com informação. Essas questões abaixo NÃO impedem uma mãe de dar o peito para seu bebê, procure ajuda segura e confie em você:






Para continuar com o projeto e levar aos quatro ventos, eles criaram o instagram @mamaco_no_espaco para não apenas divulgarem as fotos, como manter a janela aberta para o movimento. Para saber como participar das próximas intervenções e conhecer mais o projeto é só seguir os passos dos fotógrafos por lá. 



- Mamilo invertido/plano/pequeno amamenta com pega correta e orientação de profissional atualizado
- Prótese de silicone = amamenta normalmente
- Redução de mama = amamenta na maioria dos casos com acompanhamento profissional atualizado
- Sentir dor = só dói se a pega estiver incorreta ou o bebê tiver alguma dificuldade fonoaudiológica, nestes casos correção de pega e posicionamento, atendimento fonoaudiológico = amamenta
-  Leite não desceu = o leite sempre desce com estímulo de sucção do bebê, em algumas mulheres pode demorar até 5 dias, é normal e o bebê tem reservas durante este tempo e sim, quando eles choram nem sempre é fome, bebê chora.
- Leite secou de uma dia para o outro = leite não seca de um dia para o outro, leite só seca sem estímulo nenhum e demora 40 dias ou mais.

Fonte: Mama Neném

5 comentários:

  1. Adorei as informações!!!
    Sou mãe de um rapazinho de 1 ano e 1 mês.
    As mamadas já diminuíram bastante. E ficava com medo de meu leite secar.

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  2. Acho muito válida toda a discussão sobre o tema. Amamentar é complexo e precisamos nos informar para que aconteça de forma natural. Acho que o meu caso serve de esperança e alento para todas as mães que desejam amamentar. Tenho dois filhos. O primeiro nasceu de parto normal e mamou maravilhosamente bem no peito. Sem qualquer tipo de dificuldade e foi o primeiro filho. Com o segundo, a história foi completamente outra. Ele era um bebê enorme e voraz. Acabou com o meu peito em menos de uma semana. Os dois bicos jorravam sangue. Ia ao banco de leite, ao médico e ninguém sabia muito o que dizer, ou como ajudar. Até que uma enfermeira especializada sugeriu que o tirássemos do peito até que o ferimento cicatrizasse. Por alguns dias, eu ordenhava as duas mamas, várias vezes ao dia, e dava para o pequeno. Depois, dava o leite com colher e como o processo foi demorado, até com mamadeira. Depois de alguns dias, ele voltou para o peito e mamou até os 10 meses. Só tive calma e paciência para encarar o que passei, porque já tinha vivido uma experiência de amamentação positiva. Sabia que era possível. Então ai de quem palpitasse que era muito sofrimento e que era melhor que ele fosse para a mamadeira. O que mais tem é gente para desestimular a amamentação e te fazer acreditar que ela é desnecessária, sem qualquer propriedade.

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  3. tudo lindo maravilhoso!
    eu não tive a ilusão de que a amamentação seria facil ou instintiva. vi minha irmã amamentando com mamilo sangrando e mesmo assim amamentando. vi uma amiga q mudou toda a sua alimentação pra poder amamentar. exemplos de força e dedicação.
    minha irmã amamentou minha sobrinha até depois de 2 anos, por elas e tbm pela Rosa. Ela disse q se eu tivesse dificuldade em amamentar ela ia ter leite pra ajudar. Não precisou, mas o cuidado e o apoio fez toda diferença.

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  4. Tive um anjo em forma de enfermeira que me ajudou a viver esta fabulosa experiência. Ainda bem! Foi um ano e 3 meses bem felizes. Não me arrependo de ter parado cedo pq não adianta mesmo. Mas sinto saudades.
    Amamentava onde estava. Mas uma vez me lembro de ficar bem constrangida, numa festa do trabalho. Levantei a blusa e continuei conversando (a blusa tampava o peito todo por cima). Os homens foram parando de falar... parece piada. Meu marido do meu lado, todo mundo de boa, e o pessoal foi se afastando.
    Há muito a se caminhar... caminhemos então. Sua foto tá linda! Todas as mães estão lindas!

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  5. Post LINDO. Super necessário. Mas por que negar que amamentar dói????? AMAMENTAR DÓI!!! Pode ser uma semana ou um mês de dor, mas DÓI!! Mesmo com a pega correta. Essa máxima reforça a culpa materna.
    Bjs, adoro seu blog, tava com saudade. Letícia Mafra Fernandes.

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