sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Mamãe é um ser humano

Ontem depois do almoço, enquanto eu tirava a mesa e tentava arrumar a cozinha, o caos se instalava na sala. Vi as duas latas cheias de lápis derrubadas no chão e falei "que bagunça é essa? Vamos começar a catar já tudo isso aí já". Entre "não fui eu", "foi o Francisco", "to cansada", eu ia passando e todo mundo brincando e a bagunça no chão, perdi a paciência e gritei: "vamos catar tudo do chão agora!". A Bella olhou pra mim e falou: "mamãe, respira".
Pausa. Oi?
Eu ri, que foi a única reação que consegui ter na hora.
"É, né, Bella? Quando a gente fica assim muito brava tem que respirar. Verdade. Eu sempre falo isso. Então, me ajuda, que eu respiro, ok?"

Uma meia hora depois. Enquanto a gente se arrumava pra ir pra escola, pegava mochila, colocava sapato, etc, a Bella perguntou se a gente podia comprar picolé antes de ir para escola. Eu disse que não, que a gente já tinha feito um combinado de que ia comer açaí de sobremesa, já tinha comido, então nada de picolé. A Maria olhou pra mim e falou. "Mamãe, vamos fazer um combinado de que não pode bater o nosso carro em outro carro?". Hahahahahahaha 
Esse combinado foi pra mim, especificamente, e eu ri de novo. Como não? Eu bati o carro há alguns meses atrás, depois que a gente tinha acabado de sair do posto pra comprar picolé.



Foi aí que eu notei que elas estavam começando a me perceber como gente. Não apenas mais mãe que cuida, que guia, que diz o que fazer, que dá direção no caminho. Uma mãe que é ser humano que como elas também precisa respirar, que faz bagunça, que comete erros, que não é perfeita. Foi lindo ver que elas não só se perceberam como indivíduos, mas me perceberam como igual também. E é assim que a gente cresce e elas crescem. E ainda pensei que vamos passar por isso também com o Francisco. Que delicia!

Confesso que os últimos meses desses três anos das meninas têm sido intensamente prazerosos. Felizes. Eu sinto que me libertei de alguns paradigmas da maternidade, que "tem que ser difícil, que é muito trabalhoso". É claro que temos nossos desafios, mas eles já estão inseridos no contexto. Eu vejo elas tentando entender o mundo e eu fico encantada. Eu sinto que pra nossa família esse foi um ano de adaptação, de transição em outras áreas, mas também de afirmação. Sofremos menos com o caos e aproveitamos mais os momentos. É ser feliz e escolher isso todos os dias. Que venham as próximas descobertas e a vida inteira pela frente.

4 comentários:

  1. Eu sinto que me libertei... Eita frase... Bateu forte aqui. Tks.

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  2. Que emoção esse texto, Tati! Que lindo esse crescimento de vocês, a percepção delas...
    Dá um quentinho no coração, né?

    Adoro seus textos!

    Beijo beijo!

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  3. Excelente texto, Tati!! Você tem algum post que fala da escola das meninas (e seus métodos alternativos de ensino) ou poderia fazer algum??

    Seus textos e suas fotos são demais!

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  4. Que delícia de relato! Nesse mundo materno eu mesma esqueço que sou gente às vezes. Basta olhar minhas fotos pra perceber.. Antes e depois de filha. Fotos sozinha, com marido, com algum sobrinho são raras hje. Comer algo gostoso sozinha então? Comi sushi hoje e nao levei minha filha e estou me sentindo culpada porque sei o quanto ela gosta. Mas, sou eu antes de ser mãe, né?! A maternidade me impôs coisas que eu nem sonhava...

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