domingo, 30 de setembro de 2012

Eu, elas, nós apenas

Amanhã começa uma nova fase na nossa vida, muitas mudanças devem acontecer. Quando eu fiquei grávida, comecei a pensar no futuro e a decisão de ficar em casa foi tomando forma, eu tinha a "ilusão" de que iria tomar conta das meninas sozinha. Eu me imaginava carregando as duas para ir fazer uma visita pra minha mãe ou passeando com o carrinho duplo pelos becos da Asa Sul. Só nós três. Muita gente me falava que eu ia precisar de ajuda, era um tal de "você vai não vai conseguir sair com elas sozinha não", "como assim você não vai ter babá?", "você precisa contratar alguém para te ajudar durante a noite ou você não vai dar conta". Eu não ligava muito. Olhando para atrás, eu realmente acho que não me preparei para o que viria depois e fui um pouco ingênua sim, mas tudo fez parte do aprendizado. Porém, agora, minha ideia ilusória de maternidade vai se tornar realidade.

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Depois que as meninas nasceram, meus ideais foram embora rapidamente. Sim, eu precisava de muita ajuda, e pra mim foi muito difícil admitir isso. Eu lutei contra a minha falta de controle da situação, a minha falta de braços, a minha falta de energia, a minha vontade de fazer tudo do meu jeito, eu precisei me livrar de todo um conceito e sonho de vida para encarar a realidade e foi muito difícil. No início, a minha ideia era contratar uma empregada e contar com a ajuda da família, especialmente da minha mãe, para cuidar das duas. Mas a empregada pediu demissão antes mesmo de começar e a substituta só durou duas semanas. Depois de dois meses, a minha mãe começou a ficar cansada e eu percebi que era hora de contratar uma babá. Nas noites e nos fins de semana, eu e o Marco estávamos no comando, e no começo foi bem difícil, (de vez em quando, rolava uma ligação desesperada nos domingos pros meus pais do tipo "vocês conseguem vir aqui e ficar um pouquinho com elas pra gente comer alguma coisa?), mas sobrevivemos.

A experiência com a primeira babá não foi muito boa. De novo, ainda estava no processo de admitir que precisava de ajuda para cuidar das minhas filhas. Ainda era muito difícil. Eu não deixava a babá fazer nada. Eu era tão louca que não deixava ela dar banho nas meninas. Ela ficava com uma enquanto eu dava banho na outra, depois eu repetia o processo enquanto ela olhava quem já tinha tomado banho. Isso tudo para no final, eu sentar no sofá e amamentar uma de cada vez. Louca, louca, louca, como diria Shakira. O trabalho dela era mais colocar uma das meninas para dormir. Depois de dois meses, ela pediu pra sair e contratei uma nova babá. Com ela, deu tudo muito certo. Até que as meninas foram crescendo e eu acho que aquela vontade de cuidar mais das meninas foi chegando de novo. Eu vi que sim, eu conseguia sair com as duas sozinha, eu tinha braços para carregar duas bebês quando se fazia necessário. Eu propus que ela cuidasse mais da casa e eu ficasse mais com as duas, e aí, coincidentemente, as coisas não fluíram mais.

Bem, então, o negócio agora é o seguinte: não temos mais babá. E a partir de amanhã vai ser assim, só eu e elas. Louca, louca, louca. Quando me tornei mãe, tinha dois caminhos a seguir. Número um: trabalhar e deixar as meninas na creche ou com duas babás em casa, como acontece com várias mães modernas que se dividem em muitas para dar conta do recado. Pensei muito sobre essa possibilidade e ela sempre parecia muito distante. Com duas bebês, financeiramente, eu estaria trabalhando para outras pessoas ficarem com as minhas filhas e receber um trocado no fim do mês.

Número dois: ficar em casa e acompanhar de perto o crescimento das minhas filhas, abrir mão do meu lado profissional, meus desejos, para cuidar das duas. Também escutei muita coisa (e ainda escuto) quando tomei essa decisão "você não vai dar conta, não vai aguentar ficar em casa". E realmente não é fácil. Mas como filha de uma mãe que escolheu a segunda opção como modo de vida, me pareceu, e ainda parece, natural. Portanto, está na hora de colocar esse caminho em prática, como eu imaginava e no melhor dos graus de ilusão. Além disso, como eu resolvi parar de trabalhar, o orçamento familiar também está apertado e ter uma babá ficou muito custoso e sacrificante, tinha que valer muito a pena. Está aí mais uma razão para assumir minha decisão.

Eu sei que vai ser muito difícil. Sei que em alguns momentos vou ficar frustada, cansada e querer arrancar os cabelos. Mas estou aqui para tentar, fiz minha escolha. Se eu não tinha tempo para fazer nada antes, agora eu nem sei como vai ser. Colocar duas bebês no colo e sair por aí parece ser missão impossível, e muitas vezes é, não é a mesma coisa do que ter um bebê só, um carrinho pequeno e etc. Mas, eu consigo e consegui apagar aquelas temidas sentenças que recebi no começo. Cada mês que passava, era mais fácil e mais divertido cuidar das duas. E acho que eu vou dar conta. É claro que não sou tão louca e vou ter uma faxineira aqui em casa para me ajudar nas tarefas domésticas, ufa!

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Passei a semana passada inteira com um frio na barriga, aflita, até que finalmente fiz as pazes com a minha vontade de ser a cuidadora das minhas filhas, de ir contra a maré, de tentar o que parecia o impossível. Somente nós três. Agora vamos ter que nos readaptar um pouco, vou aprender a dar comida para as duas ao mesmo tempo, descobrir como dar a mamadeira para as duas ao mesmo tempo, como fazer tudo ao mesmo tempo. Toda uma nova rotina. Estou com medinho, é claro, mas feliz com a chance de começar tudo novo de novo e viver novas aventuras como mãe. Ser mãe é uma loucura e eu estou aproveitando para me descobrir, me superar, porque assim é a vida. 

12 comentários:

  1. Tati, eu de novo, fiz questao de te deixar um comentario mais completo com a minha experência (até agora)... rs Nao tenho duvidas de q vcs vao se sair super bem sozinhos.
    Nao se sinta culpada por ter tido ajuda no inicio, eu faria o mesmo se pudesse, acho q é fundamental pra gente se adaptar com toda essa nova rotina. Eu tive uma tia que passou 2 meses aqui com a gente + o Phil de férias assim que Alice e Arthur voltaram pra casa. Depois o Phil voltou a trabalhar, minha tia foi embora e eu fiquei sozinha com os 3, tudo o q eu mais temia! Na primeira semana endoidei, fiquei muito cansada, nao conseguia me organizar direito, quando os dois choravam ao mesmo tempo eu queria sair correndo. rs Cécile tinha umas crises de ciumes, começou a fazer xixi na calcinha e tudo... Na semana seguinte ela voltou as aulas, passa o dia todo na escola ( o q me ajuda bastante) e eu comecei a me organizar, me adaptar e tudo começou a fluir melhor como vc diz! rs De manha o Phil leva ela pra escola antes de ir trabalhar, as 4:30 ela sai e eu vou busca-la, a escola nem é longe, vou a pé, mas pra q desse certo tive q me organizar mais uma vez e "arrumei" uma "baba" pra ficar com os gemeos enquanto eu vou na escola sozinha. Gasto 30 minutos (ida e volta) e esse tempinho eu tirei so pra Cécile, o q faz muita diferença pra ela. :) Esta dando muito certo. A "baba" é mesmo so pra ter alguem aqui com eles enquanto eu vou la. Se eu tivesse q leva-los, seja de carro ou a pé, daria muito trabalho. As quartas tenho uma faxineira tbm, paga pelo governo pra ajudar as familias numerosas ahuahua Escolhi a quarta pq Cécile nao tem aula, entao fico com os 3, e se caso a coisa esquentar tem alguem aqui pra dar um help! :D
    Coloquei na minha cabeça uma coisa, q quando nao tem outro jeito a gente da conta sim! Nos nao temos condiçoes de ter uma baba em tempo integral (quase dez euros a hora)a familia do Phil mora a 30 minutos de onde moramos,a minha familia nem se fala... quando realmente precisarmos sair sozinhos pra um "tête à tête" kkkkkk minha sogra vem e de quebra a baba pra dar uma mao, coitada nao vamos abusar da vovo né?! rs
    Tem dia q to um caco, isso é inevitavel, é cansativo demais, nao tenho tido muito tempo pra outras coisas mas sei q vai melhorar cada vez mais conforme eles forem crescendo. Ainda bem q o Marcos é como o Phil, um super companheiro e pai, isso faz toda a diferença, nao basta ser pai tem q colocar a "mao na massa"! :) Sabe o q é melhor? Eh q quando a gente da conta de toda essa loucura, nos sentimos o maximo, sensaçao que renova e da força pra encarar tudo de novo! Beijokas pra vcs
    PS: Assim que vc desenvolver tecnicas pra alimentar as duas juntas, eu quero o segredo hein?! rsrs :D

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    1. Lili, adorei o depoimento! É isso mesmo, quando a gente dá conta se sente poderosa, achando que vai conseguir dominar o mundo. É incrível como eu estou mais aberta às mudanças e não tenho mais medos dos riscos depois de ser mãe, o que vier, a gente encara! Quando não tem outro jeito, a gente descobre um novo. ;)

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  2. Atitude de coragem!!! Boa sorte nessa nova etapa!!!

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  3. Tati, você dará conta, não tenha dúvidas.
    Como elas estão lindas, Parabéns.
    Beijinhos, a.
    Thalita, mãe dos gêmeos Nicolas e Rafael

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    1. Obrigada, Thalita! Seus bebês também estão lindos! Beijos

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  4. Tati, com a experiência que você já adquiriu, tenho certeza que vai dar conta sim!
    Muita força para você! e eu continuo aqui, sempre te acompanhando (ao menos nos posts), mandando boas energia e esperando conseguir também muito ânimo para cuidar dos pequenos que ainda vão chegar. :)
    Camila, futura mãe da Marília e do Guillermo

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    1. Obrigada, Camila! Você vai tirar de letra, tenho certeza! Amei os nomes dos dois. Beijos

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  5. Olá Tati, tiro o chapéu para você por tomar uma decisão dessas em um país como o Brasil, em que a mulherada costuma gastar mais com manicure do que gasta com livros...
    Você vai conseguir sim, não digo que seja fácil, mas tudo se ajeita. Lembro que quando me vi sozinha aqui com a Isabella, depois que minha mãe voltou para o Brasil, quase pirei. E é uma só! Agora estou grávida de novo, e tudo entra numa rotina. Eu conheço a minha baixinha por dentro e por fora e não perdi um segundo dessa primeira infância. Uma delícia! Como eu disse, Não é fácil, mas tudo se ajeita.
    Todo o sucesso do mundo para você!
    bj
    Pati
    http://www.patitando.com

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    1. Pati!!! Não acredito!!! Parabéns pela segunda gravidez. Acho que tem que ser assim mesmo, a gente tem que abraçar a maternidade de vez, comigo pelo menos eu sempre imaginei que fosse assim. Vou lá no seu blog para saber as novidades. Beijos

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  6. olá Tati! As meninas estão fofas, parabéns! Adorei este post pois eu me encontro na mesma situação. Minha filha tem 2 meses e meio e no início não admitia ajuda, queria dar conta de tudo e até hj está assim mas é uma só, né! Vida profissional em segundo plano e quer saber, estou muito feliz de acompanhar cada segundo com a minha filha. Não tem preço! O cansaço bate forte mas vamos equilibrando aqui com o marido, vovó de vez em quando. ah, faxineira 2x para cuidar da casa.
    Curta mesmo, busque apoio da família nem que for só para conversar.
    Vamos acompanhando sua maratona deliciosa aqui.
    bjos

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  7. Somente posso te dizer que faço minhas as suas palavras. Ser mãe de gemeos é uma loucura boa, para poucas. Sou grata de ter sido agraciada para ser mãe de gemeos. Vivi isso tudo o que dizes, meus passarinhos estão com 1 ano e 6 meses e adoro saber que cuido deles, do meu jeito, sem culpa e do jeito que conseguir. Aos poucos a vida vai seguindo, e mais dias tranquilos vão se aproximando. Antes fazia quase nada, agora já tenho momentos de aproveitar o banho ou comer bolo. Passa lá no meu blog, temos muito o que conversar. Bjs... Www.varaldospassarinhos.blogspot.com.br

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