segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Mãe moderna?

Às vezes, eu fico me perguntando se eu sou mesmo uma mãe moderna. Pra começar, eu fui contra a maré e, ao contrário da maioria das mães do século XXI, eu eliminei o dilema carreira versus família e resolvi ficar em casa cuidando das meninas. Eu entendo o que muitas mães devem sofrer com essa divisão, mas não senti isso completamente. Mas, com algumas exceções, eu vejo que a maternidade moderna está sempre ligada à uma certa ansiedade, difícil de explicar. Não é raro eu escutar alguém comentando sobre a maternidade como um problema, uma luta constante e sem fim contra um não sei o quê, o quanto a vida muda para melhor ou para pior (qualquer um vale nessas situações e muitas vezes os dois ao mesmo tempo), o quanto os problemas entre os casais aparecem e etc. E neste fim de semana, uma avó fez um comentário perto de mim que não saiu da minha cabeça: "a minha filha está enloquecendo com a menina dela, tem um ano e meio. Ela não sabe mais o que fazer, a criança dá um trabalho, apronta todas, pense num problema, ela até disse que se soubesse que era assim não teria tido."


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Uma coisa que eu aprendi nos 10 meses que estou nessa aventura é que ser mãe é um ato de entrega. Ninguém é mãe simplesmente porque pariu. Como eu já disse antes aqui, ser mãe é um processo. Ser mãe é se entregar, deixar de ser um pouco você por outra pessoa, ou duas, como no meu caso. Acho que por isso sofri tanto nos primeiros meses de vida das meninas, porque precisava entender que eu não era mais "eu" e precisava estar ali para elas. Às vezes, a entrega é mais dura, mais sofrida, como foi comigo. Eu confesso que às vezes vejo a minha cunhada com meu sobrinho de dois meses tão tranquila, saindo, levando ele à restaurantes e etc, e eu lembro dessa minha fase e penso: "ô Deus, que diferença!" Mas, no meu caso eram duas, e eu ainda estava passando por esse processo de aceitação. E aprendi também que cada um tem seu caminho, seu processo. E depois que eu me libertei do "eu", foi e continua sendo maravilhoso, sem dilemas, sem tanto sofrimento. É claro que tenho meus altos e baixos, no começo me questionei muito sobre a minha vida, as mudanças, mas depois que eu me coloquei disponível para as meninas, nada mais de culpa ou de luta.

Às vezes, a entrega não precisa ser total como eu fiz, mas ainda sim é difícil aceitar que ela existe. É difícil aceitar que você não vai conseguir ir e vir com a mesma facilidade de antes, que a liberdade de se fazer o que quer, e na hora que se quer, não é mesma, que a vida social fica nula, que cuidar de você mesma é luxo. E acho que as mães modernas lutam muito contra isso, contra essas mudanças. E não precisa ser assim. Talvez se a mãe daquela menina que eu citei no início deste post aceitasse sua "nova condição" e tirasse proveito da situação de ver uma nova pessoa ser formada e crescer, não teria sido tão sofrido assim, não batesse arrependimento.

A gente está acostumada com uma vida agitada, trabalho que toma conta de tudo, aquisições e consumos momentâneos e de repente, pá! Peraí, dá uma desacelerada que o bebê chegou. Por isso, tem que pensar bem antes de entrar nessa, minha gente, porque tudo muda mesmo. Existem mães que conseguem pular a parte da entrega (confesso que não sei como), deixam o controle de lado, delegam suas tarefas e vivem bem. Acho que talvez, elas sejam as verdadeiras mães modernas. Talvez vivam com a culpa, talvez não. Eu escolhi um caminho diferente e não me arrependo.

Não sou a mãe perfeita, muito menos moderna. Sou apenas e somente mãe. E eu posso dizer que aqui não tem culpa nenhuma. Não esqueci de mim, mas prefiro pensar em nós, sempre. Eu, ele e elas. E deixa eu contar um segredo: quando a gente se entrega, quando a gente deixa de lado o "eu", vê o quanto vale a pena e enxerga o que realmente importa na vida, o que é felicidade. Afinal, o que você veio fazer aqui neste mundo moderno? IMG_9801 *Encontrei essas fotos no meu computador. Elas tinham 5 ou 6 meses... como cresceram, meu Deus!!! Pode surtar agora MODE ON!

9 comentários:

  1. Lindo texto Tay. Inspirador ! Um beijo. Bel

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  2. Achei lindo! Mas não sinto essa necessidade de deixar de ser eu. O q vejo é o Bernardo como meu anexo. Depois ele será ele e eu serei apenas eu. E aí vou sentir falta do pequeno anexo, com certeza!

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  3. Lindo texto Tati. Sempre acompanho o seu blog adoro a forma com vc expressa a maternidade. Eu tenho uma filha que neste mês completara 2 anos, e mesmo acreditando que fiz a escolha certa em deixar de trabalhar e ficar por conta da educação dela hj começo a pensar em um novo recomeço rs. Abraços

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  4. Opa! A parte da cunhada me cabe! Rs. Devo dizer, mais uma vez e sempre, que se trocassemos de lugar eu nao conseguiria fazer metade das coisas que vc faz. Eu nao teria sua desenvoltura se fosse mae de duas meninas, e te admiro muito porque sei de toda dificuldade e de toda a sua doacao para isso. Eu acho que nao daria conta, por isso meu medo de ter multiplos....e por isso vc pra mim eh uma referencia a seguir.
    Sair com o bento eh tranquilo porque eleme ajuda ( eh bonzinho demais) e porque eu to na minha segunda viagem. Com o Lucca tudo foi muito diferente. A segunda maternidade eh muito mais facil, e acho que voce vai viver isso em breve! E nos estaremos por aqui junto com vc. :)

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  5. Tati me identifiquei com o ultimo parágafo : Não sou a mãe perfeita, muito menos moderna. Sou apenas e somente mãe. E eu posso dizer que aqui não tem culpa nenhuma. Não esqueci de mim, mas prefiro pensar em nós, sempre. Eu, ele e elas. E deixa eu contar um segredo: quando a gente se entrega, quando a gente deixa de lado o "eu", vê o quanto vale a pena e enxerga o que realmente importa na vida, o que é felicidade. Afinal, o que você veio fazer aqui neste mundo moderno?

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  6. Prima, realmente ser mãe é se doar. No meu caso com Maria Luiza que hoje tem 7 anos optei por ficar em casa e acompanhar tudo de perto, e não me arrependi nenhum minuto da minha entrega.. Agora com a Melissa que vai fazer 2 anos voltei a trabalhar quando ela fez 4 meses e sinto muita falta de reviver os momentos e acompanhar seu crescimento.. Mas também não me culpo pois é para o futuro delas..

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  7. Que lindo pensamento, que lindo sentimento... <3
    Me apresento ultra rapidamente, sou Noelle, mãe de dois filhos, um já faz tempo, outra nem tanto, hehehe
    Francisco 8 anos, Flavia 1 ano e 1/2.
    Encontrei seu blog há pouco mais de 1 mês, porém já o li quase inteiro!
    Fiz a mesma escolha que você, sou "mãe de casa" e muitíssimo feliz!!!
    Parabéns por tudo, você e sua família são inspiradoras!

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  8. Verdade tati! é entrega total mesmo e 24 hs por dia! É uma delícia vê-los crescendo e viver intensamente todas as fases!
    O processo de aceitação tbm foi (e as vezes ainda é) um pouco difícil pra mim... talvez seja pq moro longe da minha família e, por não ter ninguém pra me ajudar qd preciso dar aquela "respirada", as vezes "sofro" um pouco mais.
    Hoje, entendo o quanto é importante, no meio de toda essa entrega, ter uns momentos para me cuidar ou dar uma distraída com coisas extra maternidade e extra dona de casa... rsrs Percebi que isso faz com que eu seja uma mãe/esposa/dona de casa melhor e mais paciente nas tarefas e rotinas diarias! Claro que minha prioridade sempre será minha família e nem sempre conseguirei ter esses momentos pra mim, mas quero me esforçar mais em 2013 para me sentir melhor e ser melhor para eles! (listinha pra 2013??? rsrs talvez uma faxineira... talvez uma academia a noite... mais amizades, principamente com mães modernas etc etc...). Bjsss :-) Ju

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  9. oi Tati! te acompanho antes de engravidar mas precisamente desde qd vc descobriu que teria gêmeos. Planejei muito minha gravidez e desejei muito. Minha filha está com 5 meses. Eu senti esta mudança e para mim foi tranquilo fora o cansaço extremo dos primeiros meses. Já estava sem trabalhar por motivos de "crise de carreira" e vivi a gravidez de forma intensa e a maternidade agora da mesma forma. Meu marido me apóia e eu me sinto feliz sendo mãe 24hrs. Acontece que eu senti falta de apoio em casa, sabe a empregada que finge que nada aconteceu. tive que dispensar e agora estou com diarista 2x e tá pesando o cansaço de novo. babá está fora de cogitação, boa empregada não existe mais. o jeito é levar numa boa e curtir minha bebê. Como vc faz com os afazeres domésticos?? Como vc consegue?? bjos

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