sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

2014 por uma vida mais simples

Quando o relógio bateu meia-noite na última terça-feira eu não senti nada de diferente. Abracei e beijei o marido, desejei feliz ano-novo pra família que estava junto e fiquei meio tensa com a possibilidade daqueles fogos todos acordarem as meninas. Não bateu aquela onda de esperança "que tudo se realize no ano que vai nascer", nem aquele sentimento de "ai, 2014 vai ser melhor". Primeiro porque a vida já é boa demais e a virada não muda isso. Segundo, porque eu já tinha certeza que 2014 ia ser diferente, e não apenas porque eu vou ganhar um bebê nos meus braços em breve, mas a nossa vida vai mudar muito. Muito além do fato de sermos cinco, no lugar de quatro. E isso é maravilhoso e ao mesmo tempo tenebroso. Então, vamos lá botar no papel, ou melhor, em versão post na tela do computador.

Daqui há uma semana Maria e Isabella completam dois anos e aqui estou eu vivendo todos esses 730 dias da vida delas intensamente. Todos os dias com elas, estou sempre ali, sem folga, sem férias, afinal não é um trabalho, é um modo de vida. Eu fiz uma escolha, que é muito particular de individual diga-se de passagem, de fazer isso, ficar com elas, simplesmente isso. E não foi e nem é fácil, assim como sair para trabalhar todos os dias e deixar os filhos sob os cuidados de outras pessoas também não é, nem nunca será fácil. E eu aqui vivendo intensamente o mundo delas. E para isso tive que me perder e redescobrir, tive que abrir mão de uma vida financeira estável, de ter um tempo pra mim e como não, de ter coisas ou viagens que estavam nos meus planos. E posso dizer/escrever aqui com todas as letras que não me arrependo em nenhum minuto. E tenho certeza que foi a melhor escolha que fiz na vida. Sei que foi o caminho pra mim e me descobri nele, tanto que nem imaginava. E não pretendo desviar da rota, aliás, a ideia é mergulhar ainda mais fundo, eis a mudança de 2014. E a resposta para pergunta: "como você pretende cuidar de três sozinha (aka, sem babá, escola ou empregada)?".

Felicidade é foto desfocada

Pouco antes da segunda gravidez se concretizar, o marido estava querendo mudar de função no trabalho e diminuir as horas. Ficar mais em casa com a gente e curtir o que a gente acha que deve curtir na vida: família. Sim, loucos, loucos, loucos. Mas, tinha um porém: o salário iria diminuir. Se já tava apertado, ia ficar mais ainda. Pensamos e conversamos, ainda sim valeria a pena para concretizar a nossa escolha. Ele fez a entrevista na semana que já estava desconfiada da gravidez. Foi classificado, mas não chamado. Pensamos: ainda bem, já que vem mais um bebê por aí. Mas, seis meses depois, ele foi chamado. Ops. E agora? Ele aceitou, e aí está a grande mudança de 2014, que vai acontecer mais pro fim do mês. Por um lado vai ser ótimo porque ele vai poder ficar com a gente, participar ainda maus vida das meninas e terei ajuda, já que elas ainda não vão pra escola esse ano, e sim, eu ia ficar com os três em casa sozinha. Por outro, quer dizer que a nossa renda vai diminuir e teremos que fazer adaptações. Como tudo na nossa vida: difícil, mas não impossível.


Bella e Maria janeiro de 2014

Mas, espera, eu sei o que você está pensando: esse povo não pensa no lado profissional? Sim, claro que pensamos. Temos nosso planos e objetivos. Mas no momento nossas prioridades são outras. E existe tempo para tudo. Por que não parar um pouco agora nos primeiros anos de vida dos filhos e correr atrás depois? Hebe Camargo parou dez anos por causa do filho e foi o que foi. José Saramago só escreveu sua obra-prima com 63 anos. Por que essa ansiedade moderna de que tudo tem que ser pra ontem? Desde que me tornei mãe tenho tentado fazer alguma coisa de casa e por isso criei a Loja da Família Moderna e tenho planos pra ela para os próximos 10 anos, sim. Tenho planos para este ano! Mas agora sigo no nosso ritmo. E o marido também tem os objetivos, inclusive do que muito considerariam "dar um passo para atrás" agora, para depois dar um maior pra frente. E com ele mais em casa também posso focar mais na loja, claro. Estamos tentando achar uma forma de viver bem (não ficar rico), e ficar perto da família.


Em busca de equilíbrio

Por enquanto, vivemos o hoje. O aqui e agora. E escolhemos ter um vida intensamente familiar. E agora teremos uma vida ainda mais simples. Outro dia até estávamos pensando em como seria bom comprar um sítio, plantar comida e criar galinha. Hippies. Mas, sério. Todo esse processo fez com que a gente questionasse o valor das coisas, a obsessão moderna por consumir no lugar de aproveitar e ter. Ter, gente! Pensem nisso. Sei que é um caminho diferente e confesso que prefiro assim, prefiro ser tachada de louca, não me contentaria em ser normal. Mas assim como todo mundo, queremos encontrar o equilíbrio e estamos desesperadamente tentando. Apenas arrumando um jeito diferente de fazer, o nosso jeito de ser feliz. Pois que venha então o resto do ano com bebê, casa cheia, muito trabalho na loja, nem tantas coisas, mas muito amor. Amor triplicado.

19 comentários:

  1. Adorei o post! Parabéns pela decisão! Vocês são demais!

    ResponderExcluir
  2. Estamos no mesmo caminho. Mais um ano que ficarei para o João. Vida mais simples. Diferente de outros anos, essa decisão me deu uma paz e tranquilidade no coração.

    ResponderExcluir
  3. Tati, acompanho o seu instagran com encantamento... e hoje consegui achar o seu blog para acompanhar.
    Sou mãe de quatro filhos e me identifico muito com a forma como você e seu marido levam a vida... eu e Sérgio fizemos opções muito semelhantes... e, apesar de sermos taxados de loucos, somos felizes e realizados!!!!
    Nossos filhos, duas meninas (hoje com 18 e 16 anos) e dois meninos (com 14 e 8 anos), são adoráveis, como uma educação acompanhada de perto por nós... também nunca tivemos babá... e nem família perto. Esses detalhes nos ajudaram a construir uma família de verdade....
    Parabéns pela família!
    Fique com Deus.
    Bjs.

    ResponderExcluir
  4. Muita gente ficou "preocupada" com a minha vida quando fiquei grávida da Nina. Como meu marido é o único que trabalha (fora) aqui em casa, acharam maluquice que a gente quisesse um terceiro filho! Sem contar as pessoas que ficaram com pena de mim por cuidar dos três sozinha... Mas eles não sabem como é mágico né? Tava pensando em dinheiro esses dias (porque teremos três escolas pra pagar no futuro) e simplesmente percebi que não preciso de muito pra ser completamente feliz! Sorte a nossa, né?Um sorriso do filho vale por um milhão de coisas! Um beijão, Tati!

    ResponderExcluir
  5. Sabe, Tati, este seu post veio bem a calhar. Veja bem, eu trabalho em uma empresa há 5 anos. Meu chefe é uma pessoa maravilhosa, quase um pai pra mim. Acontece que a esposa dele, minha (ex) amiga foi quem me indicou o emprego e após 3 anos teve um filho com ele, desenvolveu uma "loucura"e achou que eu e ele tínhamos um caso - ela quem me contou. O resultado disso é que ela veio trabalhar conosco e desde então uma briga de egos se estabeleceu. Ele, uma pessoa que paga para não se incomodar decidiu deixar a empresa nas mãos dela e a partir daí a coisa mudou. Totalmente.
    Acontece que nesse meio tempo eu engravidei. Tive meu bebê em setembro deste ano e desde então a minha vida é questionamentos. Sou muito ativa, sempre fui na academia, saia com amigas e trabalhei, preciso (precisava?) disso pra ser alguém. Depois que tive o meu filho, decidi que não vou trabalhar período integral, é quase uma agressão colocar um bebê tão pequeno na escolinha. Estou pensando em pedir a eles para trabalhar em meio período mas tenho quase certeza que receberei um não, até porque sou gerente técnica e isso faz com que eu precise estar presente sempre. O outro motivo é que ela terá a faca e o queijo na mão para me mandar embora. E confesso ter medo disso. Ter medo de não trabalhar, de me dedicar ao lar, ao marido, aos filhos. E depois? Mas outro lado meu quer isso, não quer voltar a um lugar de estresse, de brigas de ego.
    Outro fator que pesa bastante é justamente o econômico. Óbvio que saindo do meu trabalho não passarei fome, mas teremos que apertar os cintos aqui.
    Atualmente me sinto sozinha, vivo aquela fase da maternidade em que me sinto sozinha. Sem trabalhar, sem ir na academia, minhas amigas vivendo a vida delas... tem sido difícil.
    Mas, pra finalizar, a minha psicóloga me deu uma luz: ela me contou que está atendendo uma senhora de 85 anos. Que pra ela isso é novidade pois sempre esteve acostumada a atender pessoas jovens, no máximo "coroas", ela disse que é curioso o quê, pra essa senhora, é importante nessa altura da vida. Ela perdeu o marido há 5 meses, e o que a tem sustentado é a família. Foi o que ela construiu com ele, não foi a carreira, nem o que o dinheiro conquistou ao longo dos anos.
    Toda vez que penso que talvez não seja interessante largar meu emprego pela minha vida mais simples, com meus filhos, lembro desta senhora e penso em como será lá na frente, afinal a minha carreira não vai me ajudar. E lembro daquela tirinha que Hilan postou que falava justamente do que é importante pra nossa vida.
    Quero lhe agradecer pois o que foi escrito por você aqui só me encoraja ainda mais a me aventurar no que realmente importa na vida.
    Obrigada.

    ResponderExcluir
  6. * Setembro do ano passado

    ** Minha vida são questionamentos

    Desculpa, não revisei antes.

    ResponderExcluir
  7. A tirinha que Hilan postou, que me fez refletir muito:

    http://potencialgestante.com.br/um-conselho-do-criador-de-calvin-e-haroldo/

    ResponderExcluir
  8. Tudo de bom este seu post... acredito que é assim que devemos encarar as coisas...pra quê complicar
    Eu que já admirava vcs...agora então mais e mais!!!
    DEus os abençoe...
    Com carinho
    Naiara

    ResponderExcluir
  9. Que texto maravilhoso Tati!
    Pois me senti exatamente assim quando o ano virou! E como você tambm decidi dedicar o tempo necessário na criação das minhas pequenas (Lorena chegará em fevereiro, mês em que Sofia completará 1ano4meses) e sou (e estou) extremamente feliz com tudo isso!
    Apertos passamos sempre, mas nada substitui a magia de acompanhar dia a dia o crescimento do meu pacotinho e não há dinheiro algum nesse mundo que me faça sentir tão PODEROSA! rsrs
    Um super beijo nessa família que é mais que especial e que nossos bebês venham repletos de saúde porque AMOR é que não falta!
    Um abraço de urso,
    Com carinho,
    Carol

    ResponderExcluir
  10. Amei!!! Tô com você nesses sentimentos família que também me fazem viver cansada mas muito feliz. Com certeza está plantando frutos de amor. E isso é o que importa no final de tudo. Que 2014 seja sequência da mesma felicidade. Abraços, Leticia.

    ResponderExcluir
  11. Tati, também sou dessas que acha que família vale muito mais do que dinheiro sobrando na carteira, viagens e roupas caras. Se eu precisar deixar meu trabalho pra ficar mais perto dos meus futuros filhos, farei isso. Acho que qualidade de vida é algo muito maior do que estar bem financeiramente. Tem a ver com o "saber que está fazendo a coisa certa". E concordo contigo que esse mundo é imediatista! Como cobrar que tenhamos uma vida de sucesso pleno aos vinte ou trinta e poucos anos? Melhor dar cada passo de uma vez! Admiro demais sua família e a forma como conduzem as coisas! Parabéns!

    ResponderExcluir
  12. Oi Tati,
    te sigo no instagram, mas ainda não tinha passado aqui no blog. E amei!!! Me identifiquei completamente com seu post. Ainda não tenho filhos, mas o dia que tiver também penso me dedicar a eles! Imagino o quanto deve ser difícil, mas ocm certeza muito prazeroso!
    Voltarei aqui mais vezes! Feliz 2014!
    beijos, Renata

    ResponderExcluir
  13. Li seu texto e concordo com muitas coisas, mas eu sinceramente não sei como você dá conta de 2 e sequer cogitou cuidar de 3 sozinha, sem empregada, sem qq ajuda com a casa, pelo menos. Ta, sou dessas que vai te taxar de louca... rss
    Eu tenho uma filha de 1 ano e 6 meses e ela fica na escolinha todos os dias, mas aos finais de semanas é um verdadeiro caos!!! Nem ir ao banheiro eu consigo, ela não para!! rsssssss Banho, só se ela tomar junto, almoço é uma confusão danada e ela dorme super pouco durante o dia. Eu penso muito se vou conseguir ter outro filho, apesar de querer muito, pois não sei se vou conseguir cuidar dos 2, já que 1 só já me deixa totalmente exausta. Juro que te acho uma mulher maravilha! bjs Tati

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Minha filha tem 1 ano e 5 meses, e também fico em casa com ela, e ela não dá folga.. Mas acho que a sua pequena deve sentir saudade durante a semana e aproveita tudo com vc durante o tempo que ela pode.. Nessa idade é energia que não acaba!!

      Excluir
  14. Descobri seu blog hoje, e me identifiquei de cara. Sou medica e tenho tres filhos, 6, 3 e 1ano. Parei de trabalhar qdo meu terceiro filho nasceu. Fui muito criticada por isso. Mesmo com minhas duas filhas mais v.elhas, nunca tive baba a noite nem nos fins de semana. Dentro de um mes ficarei sem minha fiel escudeira, Maria! Estou me preparando para viver como as francesas. Morei um ano em Paris, qdo tinha apenas minha filha mais velha. E sempre invejei a tranqüilidade com que aquelas mulheres iam aos parques e restaurantes com vários filhos, sozinhas, e na classe!!

    ResponderExcluir
  15. Conheci seu blog hoje e tenho que te parabenizar:vc é uma guerreira!Tenho dois filhos e não consigo cuidar deles o tempo todo sozinha, tá certo que eu trabalho fora e não tenho possibilidade de parar de trabalhar para me dedicar integralmente a eles, mas também não se teria essa disposição toda!Rss!

    ResponderExcluir
  16. Querida, eu não tenho palavras para dizer o quanto amei esse post. Eu penso exatamente assim. Tive meu terceiro filho ano passado e todos os dias penso em largar a carreira profissional para poder me dedicar mais a carreira de mãe. Eu acho que sou mais louca que você, pois quando eu tive os dois primeiros, eu não quis empregada, nem babá, nem nada. Todos me criticavam, mas eu adorava cuidar dos dois e da casa. Fazia almoço e janta todos os dias com amor. Eu tinha um apartamento pequeno e adorava passar pano no chão, escolher o melhor desinfetante, a melhor cera para o chão, etc. Eu tinha prazer em cuidar da casa e das crianças. Eu organizava os armários dos bebês, lavava cada roupinha, brincava com eles e fazia tudo, TUDO, com eles. Ia no banco, no mercado, no shopping, no clube..tudo eu e eles. Acontece que quando ainda eram pequenos ( 2 anos e 3 anos) eu passei num concurso público. Sim, além de tudo, eu estudei p concurso nas madrugadas. Passei, bem classificada e hoje estou aqui. Trabalhando fora e sem nenhuma satisfação profissional. Esses dias, postei nas redes sociasi que acho estranho eu trabalhar tanto, para pagar alguém olhar meus filhos e essa pessoa que olha meus filhos, paga outra para olhar os filhos dela e assim vai....a chamada terceirização dos filhos. Uma tristeza invade meu coração todos os dias. Não consigo ser feliz, vendo meus filhos crescendo e eu aqui, cheia de processos e contratos em cima da mesa sem nenhum ânimo. Ando muito triste e deprimida. Mas se largar um emprego é bem difícil, imagine um concurso público? Todos os dias penso nisso, no plano de saúde, no vale alimentação, no auxilio creche, na estabilidade. Mas parece que nada disso me contenta. Antes, eu vivia feliz com pouco. Comer um sanduíche no Extra era um luxo. O dia que eu comia, era uma grande felicidade. Acontece que, quanto mais dinheiro temos, mais achamos que precisamos ter. O que me fazia feliz antes, não me satisfaz mais. Sei que você já falou muito sobre isso, e acho que esse assunto nunca terá fim. Nós mães, sempre nos sentimos culpadas por tudo. Sei que sua vida tá super corrida, mas me fale, se puder, o que fez você tomar a decisão final e jogar tudo pro alto.

    ResponderExcluir
  17. Nossa! Que bom ver que tantas pessoas estão percebendo o que realmente é importante...quanta inspiração encotrei neste blog! Obrigada

    ResponderExcluir