segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sobre ensinar, aprender e entender

Como pais, acredito que aprendemos constantemente a lidar não só com as frustrações deles, mas com as nossas também, diariamente. Seja quando eles caem num embate daquele de moder, bater e/ou puxar o cabelo, e nós que queremos ensinar que não pode brigar, nem gritar daquele jeito com o outro acabamos acometidos por uma raiva daquela situação, acabamos gritando também e tendo que respirar umas dez vezes para conversar e ensinar, administrar os conflitos. Desapegar de tantos conceitos pré-concebidos, idéias e regras é muito difícil, um exercício diário que tentamos fazer por aqui.





Hoje saímos para andar de bicicleta com as meninas até a biblioteca. Cada uma com a sua, Francisco no carrinho. A Maria andando super bem. A Bella ainda não conseguia fazer a volta completa no pedal, vai até metade, volta e vai até metade de novo. Uma coisa natural e que a Maria fazia também até um dia ver alguém andando de bicicleta e fez. Mas hoje a Bella foi ficando pra atrás e a Maria voando na frente. Então, a gente tentou ajudar ela a fazer, e percebemos que ela estava se frustando ão consegui fazer e a gente também porque não conseguia passar aquilo pra ela. Até que, no auge dos seus 3 anos e 10 meses, ela diz: 

- "Mamãe, eu quero fazer do meu jeito".

Eu e o Marco nos entreolhamos e sorrimos. Aquela frase veio do nada, mas não era surpresa pra gente já que tentamos passar justamente isso pra ela: autonomia. Uma coisa que a escola dela também prega, não existe jeito certo ou errado, existe o seu jeito. O jeito dela. Eu percebi que uma parte bem forte de mim também queria continuar a ensinar ele a fazer a volta completa, queria insistir. E foi assim no longo caminho até a biblioteca. A tal da meia volta cansou  logo, ainda tentei explicar pra ela como fazia mais uma vez, ela fazia a meia volta e me perguntava: "mamãe, eu tô fazendo?". "Não, Bella, ainda não". Até que ela desistiu da bicicleta. Eu e Marco fomos quase num embate entre essa nossa mania de querer que as crianças façam o "certo" e deixar ela ser, vez ou outra escapava um "tenta de novo?" e até um "você não quer mais a bicicleta?". Mesmo tendo consciência de tudo aquilo, não forçar foi difícil. Ainda na ida ela desistiu da bicicleta. E o Marco teve que carregar ela nas costas, e no meio a Bella queria só a mão dele, reclamou várias vezes que estava cansada. Mas tentamos respeitar o momento, acima de tudo. O tempo dela, o jeito dela. Precisamos perceber também, que nossos filhos são únicos e diferentes (algo que a gente sempre soube aqui mesmo tendo duas "iguais", mas que a vida vive nos mostrando). Como pais, podemos guiar o caminho, mas não comandar a direção. Aprendemos todos os dias a nos desapegar e viver de outros jeitos também. 






Um comentário:

  1. Adoro sua sensibilidade, sempre bom ler o que você escreve, viva o jeito único e exclusivo de ser de cada um de nós, beijo grande para você e sua família.

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