sábado, 9 de maio de 2015

Viva o dia, mães

Eu queria escrever um texto lindo e fofo sobre o Dia das Mães, mas não consigo. Daqui a dois dias nós vamos fazer nossa primeira viagem internacional como família de cinco. Serão horas de voo com três crianças pequenas e uma verdadeira aventura em terras desconhecidas. E eu tenho certeza que vou escutar muitos comentários de que sou “corajosa”, “que loucura” e etc. E isso me faz pensar em como nós, mães modernas, temos uma tendência muito grande a não acreditarmos em nós mesmas. Estamos sempre achando que não vamos dar conta de tudo, casa, filho, marido, trabalho. Duvidamos da nossa capacidade de gerar, parir e cuidar. Carregamos medos que não são nossos, lutamos contra a entrega e as noites sem dormir. E, por fim, analisamos tudo. E, sim, apesar de tudo isso, temos todo o direito de reclamar e não precisamos dar conta de tudo e sermos mães perfeitas.

A verdade é que meu desejo de Dia das Mães é que tenhamos mais confiança no nosso instinto e na nossa capacidade de dar jeito em tudo. Porque sim, as mães conseguem transformar o impossível no possível. Que deixemos de lado o “ah, eu nunca conseguiria fazer isso” ou o “aqui em casa isso não dá certo” e que possamos acreditar mais na nossa determinação. Que no lugar de reclamar, a gente simplesmente faça. E viva. Viva cada dia com nossos filhos, entendendo que o caos faz parte, que dias ruins virão, mas que é preciso aproveitar tudo, descobrir o mundo de novo com eles e crescer junto.




Porque ser mãe é transformador. É bom demais. E sim, nós podemos. Se há alguém no mundo mais capaz de conseguir o que quer são as mães. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Um longo desfralde

Eu era a pessoa mais empolgada do mundo para fazer o desfralde de duas crianças. Era uma coisa linda, me livrar das fraldas, independência, imagina a economia! Por isso, era uma questão de necessidade também porque eu me pegava pensando como seria trocar fralda de três crianças ao mesmo tempo, já que tudo começou quando eu estava grávida do Francisco. Tentei duas vezes durante a gravidez e não deu certo. Na primeira vez, achei que elas não estavam prontas e quando elas deram um sinal mais efetivo eu já estava com mais de 30 semanas e era difícil ficar limpando xixi no chão e abaixando para tirar e colocar calcinha, vamos combinar.

Depois que elas entraram na escola, a Maria deu alguns sinais e resolvemos tirar a fralda. A Bella acabou indo no embalo, ela não deu sinal algum, aliás. Aconteceram vários acidentes, muitos mesmo. Quase todos os dias xixi na calcinha e nada de cocô no vaso. Ou era na calcinha ou acabava na fralda. Foram meses nessa, e conversa com a professora, e coloca fralda de novo ou não, tira de vez e vamos ver, vaso, penico, vaso, grama, penico, chão. Quando a gente saia, colocava fralda e acho que isso só dificultou o processo. Tudo o que eu lembro é que foi longo. Durou quase um ano.

Tempos depois, como quase sempre acontece aqui em casa, as meninas mudaram de posição. A Bella simplesmente desfraldou total e a Maria fazia xixi direito no vaso, mas cocô era sempre na calcinha. Ela não queria fralda. Ela simplesmente fazia cocô e não pedia e nem avisava depois. A gente só via aquele bolo na calça ou na calcinha, eventualmente, ou sentia o cheiro. Foram, no mínimo, seis meses limpando cocô na calcinha. Sem contar as inúmeras aventuras que passamos quando isso acontecia em lugares públicos.


Além, obviamente, do trabalho de cuidar, limpar e tentar ensinar que cocô era no vaso e etc, ainda tinha o desgaste emocional. Tentamos de tudo, a gente conversou, brigou, perdeu a paciência, criou estratégias, tentou adivinhar as expressões dela para antecipar o ocorrido, leu livros, conversou, conversou, conversou. Pensei até em fazer um sistema de premiação, algo que sou totalmente contra, mas fiquei com medo de ser fisiológico e ela ficar ainda mais frustrada porque não tinha ganhado uma estrelinha no quadro.

Eu sempre me questionando o que eu estava fazendo de errado? Me sentindo fracassada em ensinar algo tão simples pra minha filha. Por que? Quando eu conversava com alguém sobre o assunto sempre vinha aquela pergunta: “mas será que ela não precisa um pouco mais de atenção?”. E aquilo, no fundo, doía em mim. Como assim falta de atenção? Eu que estou sempre presente, fico em casa com eles, estou totalmente dedicada à maternidade, ainda sim falta atenção? Bem, podia ser que sim. Eu estava totalmente perdida nessa.

Até que eu resolvi parar de ficar obsessiva com aquilo. Tinha que limpar cocô na calcinha todo dia. Tudo bem. Bora limpar. A gente passou a ver isso como um processo e não como um problema. Uma hora ela ia aprender. Tivemos uma conversa com a psicóloga da escola que abriu meus olhos também e me deu um porquê, que aquele era o tempo dela, que era uma forma dela ainda ser bebê, e que aquela podia ser uma reação tardia ao nascimento do irmão.

Então, um belo dia, ela começou a fazer cocô no vaso. Foi assim, foi lá e começou a fazer. Tão simples e tão complicado ao mesmo tempo. Mas não são assim todas as coisas que passamos com a maternidade? Teríamos feito alguma coisa diferente? Ou será que foi deixar de rotular e focar no problema para ele ser resolvido? Eu e o Marco nos entreolhamos depois de muito debater sobre o assunto e demos de ombros. Seria mais uma daquelas coisas sem explicação que acontece quando nos tornamos pais. Foi tal coisa ou tal coisa? Não sabemos, mas aprendemos com eles que as coisas se resolvem e que a vida acontece, nos resta guiá-los pelo caminho, sabendo que de vez em quando vamos cambalear, voltar atrás, tentar de novo, e torcer sempre pelo melhor. E entender que nem tudo precisa de explicação, motivo, causa e efeito, mas que existe o viver.



Ah, sim e a minha conclusão do desfralde é o seguinte: eu acho que fiz tudo errado, número um. Segundo: não force, quando a criança estiver pronta, ela vai estar pronta.