quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014 - o meu renascimento no parto

Passei nove meses tentando digerir o meu parto. Nove meses tentando entender por quê o parto que eu tinha imaginado, planejado, preparado, sonhado e desejado não tinha acontecido. Confesso que quando a gente chegou em casa do hospital com Francisco, deixei ele no moisés, abracei o Marco na cozinha e chorei. Veio tudo de volta como um soco no estômago, as horas de trabalho de parto, o nascimento que eu tanto queria em casa e que não foi. Me senti fracassada. Foi um longo processo de muito "e se eu tivesse feito isso" e "se eu não tivesse feito aquilo", "por que eu não consegui?". Mas no meio de tudo isso veio a entrega, a certeza de ter feito a escolha certa por deixar meu filho vir a hora que ele queria vir, para fazer as pazes comigo. Abraçar o nascimento do Francisco e não necessariamente o meu parto. Entender a chegada daquele amor arrebatador que não tinha nada a ver com aquele sentimento de decepção que eu estava sentindo.

Eu me preparei, estudei, li todos os livros do Michel Odent, sabia as posições ativas, contratei equipe humanizada e, no fim, terminei em uma cesariana. De novo. Foi dolorido. Na minha cabeça não existia outra opção, não existia plano B ou hospital, eu ia parir em casa. A gente se entrega tanto ao assunto do parto humanizado, vira ativista, acha que é especialista, que parece que não há outra forma de nascer, sinceramente. Ah, se o bebê nascer de cesárea ou não mamar nas próximas duas horas de vida... alerta vermelho, algo de errado vai acontecer. Era como eu me sentia. E não é bem assim. É como a minha parteira dizia no meu pré-natal, e eu apesar de ter escutado tudo aquilo com atenção devo não ter entendido direito na época, o foco precisa estar no bebê. Não é o jeito de nascer, é quem nasce. O parto é apenas a porta de entrada para aí sim gerar e nutrir uma vida.

O Francisco nasceu de uma cesariana não desejada. Minha lembrança dos segundos antes dele nascer era meu braço e minha face toda tremendo muito, provavelmente efeito da anestesia combinada com a minha adrenalina de dois dias de trabalho de parto, minha vontade era levantar e sair correndo daquela sala de cirurgia. Até que veio um sopro de vento: "É um menino". E o tempo parou. A gente se viu, choramos todos, depois ele foi pra outra sala e o Marco junto. Fiquei ali amparada pela minha parteira atrás daquele  lençol azul e continuava tremendo e com vontade de sair correndo atrás do meu bebê. Tiraram a placenta, o tempo foi passando. Fomos pra sala de recuperação, ligamos pra família 4h da manhã pra contar e "cadê o Francisco?". "Ele está ofegante e vão deixar um pouquinho em observação, mas tá tudo bem, apgar alto", lembro do Marco me contando.A história parecia se repetir de novo, passei o mesmo com as meninas, mas dessa vez eu não esperava nada daquilo.

Me levaram pro quarto, devo ter dormido uma hora só e acordei com um só pensamento: "cadê meu bebê?". Chamei o Marco e pedi que ele fosse ver. Levaram ele pra UTI pra fazer exame de infecção já que eu tinha ficado com bolsa rota muito tempo. Lá estava todo procedimento hospitalar que eu tinha tentando evitar com um parto em casa de baixo risco. Tomei banho com certa facilidade (lembro que na cesárea das meninas foi horrível) e fui logo na UTI pegar o Francisco e dar de mamar. Vi ele com a sonda e me deu uma dor do peito, era como se eu estivesse vivendo tudo de novo. Ele era o maior bebê que estava lá, sequer ficou na incubadora. Quando ele pode ir pro quarto? Só depois do resultado do exame. Tentei argumentar, mas era norma do hospital, "não fazia sentido" deixar um bebê subir pro quarto e talvez ter que descer pra UTI de novo. Sofri nessas horas, mas quando pegava ele no colo, meu coração se enchia de novo. Voltei de tarde e ele mamou um pouco, tiraram a sonda. Eu e o Marco resolvemos que ele iria dormir em casa com as meninas, e meu irmão foi ficar comigo. Voltamos de noite, ele mamou mais um pouquinho. A enfermeira disse que iam dar o complemento de qualquer jeito. Na saída, o pediatra me para e diz que ele vai pro quarto. Tudo ok nos exames! Viva!

Quando o Francisco chegou no quarto foi a glória. A enfermeira, olha que lindo, leitora aqui do blog (obrigada, Alice!), me ajudou a colocar a roupa e me disse que tinham mais dois complementos marcados. Recusei. Se ele tomasse mais complemento não iria pegar no peito nunca, simples assim. E foi a melhor coisa que eu fiz. Naquela hora, tentei colocar ele no peito, mas nada. Imaginei que ele tivesse tomado o complemento e ele chegou a dar um golfada. Então, deixei ele ali no meu colo.  Como era bom! O bercinho móvel ficou de lado. E ele dormiu encostado no meu peito quase a noite toda. Não havia mais preocupações, meu filho estava ali. A partir desse momento bateu uma onda de amor forte, oxitocina pura. Algo que eu não havia experimentado com as meninas, confesso, com elas não sei se era o medo do desconhecido, estava apavorada, e acho que por isso essa conexão demorou mais. Com o Chico foi imediato.

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Fui tomada de uma paz enorme. Uma certeza gigantesca daquele amor. Não havia mais nada de errado no mundo. Como era possível? Nada tinha saído como planejado, como estava nos livros, e ali estavam os tais hormônios do amor. O leite fluiu, veio cansaço, é claro, mas ele não era penoso. Senti um pouco por não saber o que era essa sensação da primeira vez. Ali já havia chegado a entrega, que as meninas tinham me ensinado. Com o Francisco e depois de meses pensando o que poderia ter sido diferente, entendi que não era o parto, mas o nascimento que importava.

Não é o meio, mas a escolha que uma mãe ou a futura mãe faz pelo seu bebê é que desperta os hormônios do amor. É como você quer começar a jornada. E acredito no caminho do parto lutado, das dores sentidas, do bebê e do seu corpo em conexão e não apenas em uma data marcada e na cirurgia "sem riscos".

É para o nascimento que a jornada deve valer a pena. Ali estava meu bebê, tão sonhado, planejado, amado. E o meu renascimento como mãe e como mulher com a chegada do Francisco.

Que venha 2015 cheio de histórias e novas marcas. Que venha mais um lindo capítulo para ser escrito e vivido. Obrigada, 2014. 

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Filhos: será sempre melhor

Se quando a gente tem filhos a interação social na rua cresce, quando a gente tem gêmeos, é uma loucura. Todo mundo tem um comentário, um frase pronto, e às vezes um desaforo pra te dizer. Dentro desses encontros e conversas com estranhos, eu lembro de uma vez que a gente tava numa loja de brinquedos e uma mulher, que tinha gêmeas também, falou com o Marco: "você vai ver que quando elas completarem uns três anos vai ficar bem mais fácil, é incrível". Aquilo, obviamente, entrou na minha cabeça e eu não esqueci. Pois, vieram os dois anos e todos aqueles desafios de limites, birras, e etc, depois me falaram que os três eram ainda piores que os "terríveis dois". Adoro maternidade terrorista, né? Só que não. Faltando um mês pro terceiro aniversário das meninas, eu percebi algumas mudanças no comportamento  na imposição das vontades, nos argumentos, sim. E até cheguei a acreditar nos pessimistas. Mas de uns dias pra cá, me lembrei de novo daquela frase que alguém que eu nem me lembro o rosto disse pra gente. E digo uma coisa para os pais de gêmeos cansados que leem este blog: ela tinha razão.

Ontem, em plena segunda-feira, acordei de manhã com a ideia de irmos pra Água Mineral. É uma piscina pública (quer fizer nem tanto porque a gente paga a entrada) dentro do Parque Nacional de Brasília. Olhei no relógio 7h45. Pensei: "acho que 8h30 consigo sair daqui" e 11h sairíamos de lá porque o Marco tinha que trabalhar. Aproveitei que a faxineira estava aqui em casa e ela tomou conta do almoço. Arrumei as bolsas, as crianças e fomos. Chegando lá ainda tivemos a sorte de encontrar um vendedor ambulante que tinha boias pra todo mundo. Aproveitamos a piscina, fizemos todo o passeio tranquilo, sem choro, curtimos de verdade. Quando a gente fazia o caminho de volta para o carro, as meninas enrolando pra ir embora naquele lenga-lenga básico, empurrando o carrinho do Francisco cheio de bolsas, eu e o Marco nos olhamos e rimos como cúmplices. E ele me perguntou: "Como pode sair com três ser mais fácil que sair com dois?". E a gente se lembrou da última vez que fomos na Água Mineral, as duas deveriam ter 1 ano e meio, e foi super cansativo e caótico. A diferença era clara. Nossas meninas estão crescendo. De fato, vai ficando mais fácil, o trabalho diminui. Há luz no fim do túnel, minha gente! O que fica "mais difícil" é a parte da educação mesmo, que pode ser exaustiva emocionalmente, mas faz parte da nossa responsabilidade como pais e se encaramos dessa forma não vira uma luta. E mais uma coisa para os pais de gêmeos: é verdade, um bebê só não dá trabalho nenhum. hahahahahaha Francisco prova.




Que venha 2015 e todas as novas descobertas que faremos juntos.
Que o amor continue triplicado. Amém 




segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

E a minha amiga-oculta é ...

Já contei aqui que estou participando do amigo-oculto com as blogueiras que a Gabi do blog Dadadá está organizando, né? E hoje é o dia da revelação! Antes de contar quem é a minha amiga-oculta preciso confessar primeiro que fiquei com vontade de ser tentante de novo quando li o blog dela, mas o desejo de ficar grávida é uma constante na minha vida (acho que preciso de terapia), então, abafa! Não conhecia o blog  e sei que por causa da avalanche que é chegada de um bebê nas nossas vidas, o tempo para escrever anda curto para a minha amiga-secreta. Por isso, digo: escreva, Nana, escreva! Compartilhar essa experiência também é um ótimo jeito de lidar com tudo. Eu tirei a Louca do bebê e li todas as suas aventuras para conceber. O post que mais me chamou atenção foi sobre como ela contou para o marido que estava grávida. Não sei se conseguiria guardar segredo e fazer uma surpresa assim tão especial pro Marco, por isso, achei tão legal. Mas o texto dela fica aqui para servir de inspiração e emocionar também. Aí vai:

http://www.aloucadobebe.blogspot.com.br/2014/01/a-surpresa-do-pai.html

A Surpresa do Pai

Como eu sei que o post que todo mundo está esperando é o da surpresa do papai, vamos logo cuidar disso não é mesmo? Depois eu volto pra contar como estão sendo os primeiros dias de gestação (ai que emoção dizer isso!).

A surpresa começou a ser pensada em Fevereiro de 2012. Vejam bem que nessa época marido nem tinha me pedido os nove meses para se preparar ainda. Nem blog eu tinha ainda. Mas estava naquela época louca (que dura até hoje, abafa) de só pensar nessas coisas. Umas das coisas que comecei a pensar foi como daria a notícia. Queria alguma coisa que fizesse muito sentido pra gente. E acho que uma das coisas que mais nos define são as viagens. Tive a idéia, comprei o presente principal pela internet e fui agregando uns outros depois. Ficou tudo entocado até a hora chegar.

Logo no primeiro ciclo de tentativas eu escrevi o cartaz, escrevi uma cartinha como se fosse o baby (quem nunca?), montei o presente e deixei tudo guardadinho. Vai que, né? Mas não foi... E nem nos próximos meses também... :/

Mas a hora chegou!!

Fiz o teste de farmácia e de sangue pela manhã, no dia seguinte ao Natal, que passamos separados, como já contei aqui. Ele só chegaria de viagem à tarde e eu passei o dia todo tentando falar com ele só pro mensagem, porque não queria me entregar. Já que eu planejei a surpresa, ia fazer a surpresa!!!

E seria surpresa mesmo, porque com um único namoro num ciclo todo, depois de tantos intensivões, acho que ele não tinha expectativa nenhuma.

Cheguei do trabalho, fui correndo preparar tudo. Enchi as nossas mochilas com travesseiros. Até a posição da câmera para filmar eu marquei com fita adesiva. Na hora que ele chegou, fiquei tão nervosa que coloquei tudo errado e a filmagem cortou as cabeças. A louca!

Ele entrou no quarto e encontrou isso:



"A maior aventura das nossas vidas vai começar"

Me olhou desconfiado. Perguntou o que era. Eu disse que o presente de Natal tinha sido muito fraquinho, então providenciei outro. Tentou ganhar tempo me entregando o meu presente, que tinha trocado. Mas sentiu que o clima estava estranho. Tirou o cartaz e encontrou isso:



Não esboçou reação. Tirou o beta que estava na frente da mochila. Olhou pra ele. Olhou pra mim: "é sério, amor?" Eu só chorava em resposta. Repetiu a pergunta mais algumas vezes. "É sério! Você vai ser papai!" Me abraçou forte. "Eu não disse que ia acontecer?". Acho que estava falando pra ele mesmo, tadinho.

Claro que tudo isso eu só lembro porque vi a filmagem depois. hahahaha

Daí eu pedi que ele lesse a cartinha.


Me abraçou de novo, deitamos, ficamos nos curtindo, curtindo a novidade. Falamos do ciclo "perdido", do "tiro no alvo". Perguntou como eu descobri. Fui mostrar o vídeo e contar do teste:

- (...) eu coloquei o teste lá, mas nem estava esperando nada. Tantas vezes que já tinha olhado praquele palito no xixi e nada acontecia. Aí fiquei lá olhando e...
- E não apareceu nada.
- Amor!!! Claro que apareceu a linha! Eu tô grávida! Não tem mais pra onde correr!

Ainda estava em negação. hahaha

Dentro da mochila (que as mais observadoras já notaram que é o que eu carrego ali na foto do perfil) tinham umas meinhas (quem nunca? 2), e dois livros. Ele já morreu de rir: "quer dizer que agora eu vou ter que ler tudo é?"
Diário de um grávido surgiu do blog do Renato Kaufmann (que andou falando umas besteiras sobre parto, mas eu já tinha comprado o livro, não deu mais para boicotar. rsrs)
O outro, Guia do Papai, é tipo um manual de instruções, com fotos e tudo, ensinando o básico. Claro que eu vou ler antes e fazer as notas de rotapé, tipo, "pode pular essa parte" onde ensina a fazer a mamadeira. :p


E foi assim.

Desde então temos uma piada interna:

- Amor, já te contei a novidade?
- O que?
- Eu tô grávida!
- Huuuummm

-Amor? Nem te falei...
- Que foi?
- Vamos ter um filho!
- Sério?

- Ei! Amor!! Olha o que eu sei fazer!!
- O quê?
- Um bebê!
- Humpf!

Não é de ficar beijando barriga, até porque aqui dentro tem mais pum que nenê por enquanto. Mas no reveillon ficou alisando umas duas vezes, disfarçando, afinal, ninguém sabe de nada ainda (falo mais sobre isso no próximo post).

Está muito feliz! E me surpreendeu porque está muito confortável com o nosso novo status. Eu achei que precisaria dar um tempo pra ele ir se adaptando, mas é ele quem fica puxando os assuntos:

Na praia:
- Quer dizer que eu vou voltar a fazer castelo de areia é?

Outro:
- E o nome? Vai ter XXX (sobrenome duvidoso que ele tem e ainda está sob análise).

Ontem completamos cinco semanas. Hoje mandei uma mensagem pra ele:

"Bom dia, papai. Que tal receber notícias minhas toda semana? Eu já completei cinco semanas, e sou menor do que um grão de arroz. Mas eu já consigo me mexer, e já está se formando o meu esqueleto e o meu coraçãozinho. Olha que gracinha."



Resposta? "Está ficando bonitão que nem o pai."

É um fanfarrão esse meu marido. <3

E hoje completamos boda de ferro. Cinco anos de casamento. Na comemoração do ano passado, faltando um mês para completar os nove meses que ele tinha me pedido, ele disse que ainda não estava pronto, como contei aqui.

Um ano depois, recebi esse cartão no trabalho.






Para as que ainda estão esperando a sua hora: ela chegará!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Amigas secretas nada discretas

Fim de ano sem amigo secreto não tem graça, né? Mas faz bem uns três anos que eu não participo de nenhum, no entanto. Na minha família não tem e depois que eu parei de trabalhar nunca mais teve amigo secreto da firrrma, coisa que eu adorava, aliás. Então, quando a Gabi do Dadadá me chamou pra participar de um sorteio de amigas virtual com outras blogueiras, que eu adoro e acompanho, amei!

Nos empolgamos tanto que teve até foto de grupo:

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Estão participando: a organizadora, é claro, Gabi do Dadadá,  a Lu do Potencial Gestante, a Carol do Carol e suas baby-bobeiras, a Nana do Louca do Bebê, a Michelle do Vida Materna a Nívea do Que seja doce, a Kalu do Olhar Mamífero e a Marina do Pequinininho.

Adivinha quem eu tirei? Então, não posso contar hahahaha. Ainda. A ideia é revelar aqui minha amiga-secreta no dia 29 publicando um post dela que eu tenha gostado muito. Minha parte favorita do amigo-oculto é tentar adivinhar quem tirou quem, então estou me divertindo com as indiretas e os papos das meninas. Preciso dar uma dica também sobre quem é a minha amiga secreta, então lá vai: eu não a conheço, mas ela mora numa cidade que eu amo e que já fui muitas vezes.

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A colecionadora de filhos

Primeira segunda-feira pós férias e eu resolvo sair para encontrar uma amiga no shopping. Coloco os três no carro, eles dormem. Chego no shopping, dois de três acordam, coloca uma no carrinho, bebê no sling, irmã mais velha caminhando no chão. Passeamos, encontro outra amiga, elas brincam e correm, tomamos um picolé. Fim. Hora de ir embora, desço para o estacionamento coberto sozinha com os três. Francisco no sling e eu empurrando o carrinho dele vazio. Cada uma sai correndo para um lado. Bella vê a vitrine de um salão de beleza e fica louca com a quantidade de esmaltes coloridos. Maria vê a decoração de Natal de uma academia com um Papai Noel gigante e entra lá como se fosse a nossa casa. Eu olho aquela cena e penso: "ferrou-se". Vou atrás da Bella que já entrou no salão e está com a mão nos vidros de esmalte e digo: "Que lindo, né? Mas a gente tem que ir embora, vamos lá pro carro". Maria chega correndo. "Mamãe, achei o Papai Noel". Enquanto isso,a Bella volta para os esmaltes. E Maria corre pra academia de novo. Fizemos esse processo umas três vezes. Então, respirei fundo e coloquei o Francisco no carrinho e deixei ele no corredor com uma moça que olhava de longe e fazia caretas pra ele. Fui atrás da Bella e coloquei ela no sling a contragosto da própria. Fui atrás da Maria, olhei o Papai Noel e consegui convencer ela a ir embora. Ufa. Mas espera que ainda tem mais.

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Fui na máquina de pagar estacionamento e estava quebrada. Atravessei o estacionamento todo com os três para ir no caixa. Assim que a gente chegou lá, eu só escuto: "mamãe, quero fazer xixi!". Nãoooooooo. Estávamos do lado do banheiro. A moça do caixa do estacionamento olha meu desânimo e diz: "você quer que eu fique com o bebê pra você?". Pensei por uns segundos e aceitei. Peguei as duas e fui correndo no banheiro pensando "acabei de deixar meu filho com uma estranha. Acabei de deixar meu filho com uma estranha!". Enquanto eu colocava a Maria pra fazer xixi fiquei pensando em como eu não dava conta de três, como pode? Bateu um fracasso total. Saímos do banheiro e eu: "vamos correr, meninas, corre que mamãe deixou o Francisco com uma moça que ela não conhece!". Cheguei e lá estava o Francisco no colo da simpática atendente assistindo Galinha Pintadinha. Como não? Ri da minha própria desgraça. É claro que ela tinha colocado Galinha Pintadinha pra ele (pra quem não sabe eu odeio esse desenho). As meninas entraram na cabine do caixa e começaram assistir também, enquanto eu passava o cartão. Chegou uma senhora perua nesse momento e começou a falar com jeito de "nojinho": "Gente, o que é isso?". "É uma creche que ela tá fazendo", tentei responder de forma simpática. "E é tudo seu? Como assim? Você gosta de colecionar coisas, por acaso?". Não consegui nem responder nada pra ela, só um, "é, deve ser" e saí carregando todo mundo pro carro.

Na volta pra casa fiquei me sentindo um fracasso total, a louca colecionadora de filhos. Que caos tinha sido esse? Que ideia era essa de ter muitos filhos mesmo? Estava perto da casa dos meus pais, pois eles tinham viajado e ficamos uns dias por lá, e eles moram num condomínio, eram quase 18h, mas parei e perguntei pras meninas: "vamos pro parquinho? A gente brinca um pouco, enquanto espera o papai chegar em casa, que tal?". Ouvi um sonoro e delicioso: "simmmmm!". Sentada no banco com o Francisco vendo as duas brincarem com outras crianças fiquei pensando em como eu tinha escolhido aquele caos sim. Em como, quanto mais as meninas crescem e a família também, como não, eu vejo que cada mulher tem seu caminho especial na maternidade, cada um de nós faz as escolhas que quer. Seja ter um filho só, dois, três ou não ter filhos. A salvação é pessoal, como diz a minha mãe. O caos faz parte do meu caminho, muitas vezes eu dou conta, outras não dou, e eu aprendo um monte com ele. E eu é que escolhi isso. Não, não escolhi ter gêmeas, nunca pensei que ia ter três filhos, mas no meio do caminho mudei de percurso. E agora aprendo a me virar, aprendo que tudo é possível e que também existem coisas impossíveis. Eu escolhi esse caos louco.

Eu amo a casa cheia, os três brincando e me ensinando juntos. E eu queria ter mais filhos sim, por que não? Porque sim. Mas isso não quer dizer que vamos tê-los, afinal ainda estamos descobrindo o caminho. Todos temos que passar por processos com um filho, ou às vezes dois de uma vez só, para aprender e seguir em frente. Temos todo o direito de reclamar do cansaço, da falta que as noites de sono faz, de sermos livres pra ir e vir, das mudanças que acontecem quando eles chegam. Mas também precisamos aprender a aproveitar. Parar e ir no parquinho fora do horário. Viver ainda mais intensamente todo esse caos, sem deixar de colecionar.

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Então é Natal ...

E o que você fez? O ano terminaaaa e nasce outra vez! (Obrigada, Simone!) Eis que surge o fim do ano e toda aquela coisa de Natal, tempo de retrospectiva, de pensar em tudo o que você fez no ano e tudo o que você vai fazer no ano que vem.

Por aqui chegou o Natal, mas ele não foi arrebatador dessa vez. Veja bem que é dia 08 de dezembro e até agora não montei minha árvore, só as pequenas das meninas. Mas eu adoro o Natal e agora tenho duas meninas que não param de falar em Papai Noel (ou do medo que tem dele) e um menino que vai passar seu primeiro Natal com a gente. A vida anda corrida, estou querendo organizar tudo, como disse no último post, e essa é uma das minhas metas não só para 2015, mas pra agora. Porém, ainda consegui parar, respirar e agradecer 2014. O ano que nasceu meu filho, quando eu segui outro rumo, saí da zona de conforto, fiz bolos e ganhei duas companheiras falantes que me entendem e que eu entendo cada vez mais.

O melhor de tudo foi poder registrar esse momento. Esse exato momento que eu vivo agora sob um olhar diferente, que não fosse o meu. Aqui está nossa família pelas lentes da querida e talentosa Glau Macedo, que fotografou o parto das meninas há quase três anos e quem agora considero uma grande amiga. Em 2014 ela também se tornou mãe e agora montou um estúdio lindo para registrar outros bebês. A nossa sessão, mesmo caótica com as meninas não parandoumsegundo, ficou linda!


Quitandoca Fotografia-13 Vamos, Natal!
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Nada melhor do que uma sessão de fotos para entrar no clima natalino!

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Nós cinco
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Meus três
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Chico e Maria
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Bella
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Para quem quiser fazer uma sessão de fotos natalinas com a Glau é só escrever para: contato@quitandoca.com.br. Recomendo muito! Ter um registro desse é bom demais! www.quitandoca.com.br

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

No more drama, mas um pouco de crise

Olá, blog! Tudo bem por aqui? Que saudades de você, de escrever, de jogar palavras ao vento. Pois bem, estamos andando um pouco distantes no momento. É claro que me falta tempo, muita coisa acontecendo e muito o que fazer. Não tá fácil. Mas acho que, além disso, um dos motivos do meu afastamento é que estou passando por um processo de transformação. Tenho passado por processos, e depois de muito tempo, processos meus e apenas meus. O lado bom de tudo isso é que descobri que a maternidade, apesar de ser um aprendizado eterno, não precisa, nem deve ser difícil. Passou a fase de dilemas, de "aí, como é difícil", é claro que é trabalhoso, mas chegar de ficar achando dificuldade em tudo. Como o fim do ano e naquele momento "analisando tudo o que aconteceu comigo", eu começo a perceber o seguinte: ser mãe também pode ser algo leve, sem tanto nhé, nhé, nhé. Portanto, chega de drama, minha gente.

Acho que finalmente atingimos uma fase tranquila, nove meses depois do nascimento do Francisco. Foram muitas mudanças pra família toda neste ano, bebê, escola, uma mãe tentando ser empreendedora. E acho que passada a onda mais forte, chegou a hora de curtir a jornada. O Francisco me ensinou que ser mãe pode ser só leveza. Não existe dilema, problema, frustrações. Outro dia, eu estava um pouco estressada com o caos que as meninas estavam fazendo, em como todo dia era uma briga, uma birra, um choro desnecessário, aquela coisa. E fiquei pensando, por que com o Francisco é tão tranquilo e com elas precisa ser assim sempre caótico? Então, parei pra pensar que sei que tudo o que o Francisco passa é uma fase, que é preciso aproveitar e entender que ele é só um bebê, que a gente precisa curtir e se entregar. E pronto. Era isso. Eu precisava fazer o mesmo com as meninas. Precisava entender que elas estava crescendo, que a Bella e a Maria só teriam dois anos uma vez e que precisávamos ter paciência e guiar o caminho. Cumprir nosso papel como pais.
IMG_9377 Encontrando o caminho
É como o velho dilema do bebê não dormir a noite. "Meu Deus, o que eu faço? Meu bebê não dorme, estou cansada, exausta, etc". É terrível mesmo ficar sem dormir, de fato. Mas é o seguinte: quando você se torna pai/mãe conforme-se: você nunca mais vai dormir do mesmo jeito. É isso aí. E essa é a entrega. Não se preocupe que, eventualmente, você vai dormir de novo. Mas agora, entregue-se. E o corpo acaba se acostumando. Aqui em casa quando o Francisco finalmente dormiu a noite toda, as meninas começaram a acordar. Então, durma quando der e aproveite o momento de hoje. Tudo faz parte do processo. Até as noites sem dormir. Quando a gente se entrega, tudo fica mais fácil. Aqui em casa, estávamos tendo dificuldade de botar as meninas pra dormir, elas não queriam, choravam e etc. Até que começamos a colocar elas na cama e ficar no quarto até elas dormirem. Pronto, acabou o estresse. Não esperamos que elas durmam sozinhas, sabemos que o nosso papel, a nossa responsabilidade é colocar as duas pra dormir. Eu passei por vários processos de colocar as meninas pra dormir nesses quase três anos e vejo que gastei muita energia à toa. Se tivesse pensando assim desde sempre não haveria dilema. O Francisco dorme todo dia no peito e deve fazer isso até quando desmamar. Depois vou estar do lado dele até ele dormir também. E espero aproveitar muito esses momentos de colocar meus filhos pra dormir porque tudo muda muito rápido.

Pois bem, agora pratico a maternidade de forma mais leve. É claro que há choros e caos, que eu também perco a paciência e me tranco no banheiro de vez em quando (quem nunca), mas também estou aprendendo a aproveitar o momento. A viver.

Minha crise agora é comigo. Me pego pensando nos rumos que eu escolhi e o quanto é difícil me manter nele. Quando eu tive as meninas parei de trabalhar para me dedicar totalmente à elas. Não foi fácil, mas foi uma das melhores decisões da minha vida. No meio tempo, comecei a costurar e fiz uma loja que me dava um gosto imenso, mas estava difícil manter a produção. Depois engravidei. Meu marido passou a trabalhar seis horas e o salário dele diminuiu. Era a nossa escolha de viver uma vida mais simples e dedicada a família. Mas a grana começou a apertar e resolvi começar a fazer bolos por encomenda. Meu irmão resolveu me ajudar e o negócio cresceu muito de um mês pro outro. Achei que ia conseguir conciliar trabalhar de casa e ficar com as crianças, mas era muito mais difícil do que eu pensava. Minha casa estava um caos, eu sentia que não ficava o tempo suficiente com as crianças, apesar deles estarem ali do lado. E agora o negócio cresce e eu fico dividida. Neste meio tempo entendi que tudo o que eu sempre quis, eu tenho, que era ser mãe. Que a vida simples estava ali, mas estaria eu tentando encontrar coisas que eu não preciso? Não sei. O que eu realmente quero além do que eu já tenho?  E ainda estou tentando achar a resposta. Ainda estou no meio dessa confusão dentro e fora. Por isso, também tenho me mantido quieta e distante daqui. Só na busca. Porém, no meio de desenrolar o nó.


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Chapada dos Veadeiros com Crianças

Semana passada resolvemos nos aventurar na nossa primeira viagem como pais de três! Fomos para a Chapada dos Veadeiros porque era o lugar mais próximo de Brasília e eu e o Marco não conhecíamos. E foi ótimo! Estávamos precisando de uma mudança de ambiente e desestressar um pouco. Meus pais foram com a gente, o que ajudou bastante. E fizemos uma trilha sozinhos com os três, que foi dificilmente maravilhosa e nos fez sentir super pais depois.
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Achei pouca coisa sobre o lugar e dicas para ir com crianças antes de ir, contei mais com o boca a boca e o conselho de amigos, por isso resolvi fazer um mini guia aqui com a nossa experiência. Aí vai:

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Como chegar lá

São três horas e meia de viagem até São Jorge, onde ficamos. A boa notícia é que eles acabaram de asfaltar o trecho entre Alto Paraíso e São Jorge, então a estrada está ótima. De Brasília é pegar a estrada em direção à Planaltina, depois São Gabriel e Alto Paraíso.

Para entreter duas meninas de dois anos levamos livros novos, comida de sobra e um CD com músicas do Frozen. Nada de dvd, tablets ou coisa do tipo (porque a gente não tem, se não teria usado, eu acho). Elas não dormiram nada! Nem na ida, nem na volta. E foi tranquilo até. Francisco dormiu quase toda a viagem, na ida mamou quando a gente parou num posto e na volta reclamou um pouco, por isso parei no acostamento para amamentar um pouco e depois seguimos viagem.

Na ida, a Maria fez cocô na calcinha, por sorte, enquanto estávamos no posto então rolou uma sessão lava jato na pia mesmo. E na volta, no mesmo posto aliás, o Francisco fez cocô e vazou tudo. Coisas de quem tem muito filho, tem sempre um pra limpar.

O que levar

Não dá pra levar tudo óbvio. Além das roupas, protetor solar, remédios, chapéu (que eu esqueci) e repelente (que é só para crianças com mais de dois anos, portanto Francisco não usou), tem que pensar em dois aspectos: entretenimento e comida. Levei uma bolsa com brinquedos e livrinhos novos que comprei pra viagem, pouca coisa, um pra cada só. E o computador com alguns DVDs que foi a salvação para os dias que todos acordavam 6h30 e o café da manhã do hotel era só 8h e também não queria perturbar os outros hóspedes. Então teve sessão de cinema na minha cama com lanchinhos.

 Entretenimento necessário

Levamos muita comida. Levei uns quatro litros de suco, uva, tomatinho, peta, pãozinho, um saco de maçã, um saco de tangerina e meus pais levaram também. Fiquei pensando que talvez nos passeios o lanche não fosse ser fácil (mas até que foi) e a coisa do café da manhã e a viagem de carro. Por isso, aproveitem a viagem de carro para levar de tudo.

IMG_9357 Lanchinho na cachoeira

Vale levar ou compra por lá: remédio contra os mosquitos. No nosso quarto tinha uns 50 mosquitos na primeira noite, só um remédio muito potente funcionou. A Pousada tinha uns mais simples e velho. Por sorte, ninguém ficou super picado.

Onde ficar

Pesquisei vários lugares para ficar e acabamos optando pela Pousada Casa das Flores é um lugar charmoso, tranquilo e um dos poucos hotéis com ar-condicionado da Chapada, por isso voto vencido em casa. É bem legal pra casais pelo clima mais "romântico", mas comporta muito bem famílias. E a gente optou por meia-pensão então jantava no hotel, como o nosso quarto era do lado do restaurante, as crianças dormiram cedo e nós ficamos ali pertinho e a cada 15 minutos íamos no quarto pra ver se estava tudo bem. Grande vantagem!

Também me indicaram o Poço Encantado e a Pousada Casa Rosa, acho que vale a pena dar uma conferida.

O que fazer

Cachoeira! Como não? A Chapada é cheia de pontos com trilhas para cachoeiras e rios, alguns são mais complicados, mas tem muitas opções para ir com crianças também (a depender do seu espírito aventureiro). Peguei algumas indicações de amigos e no hotel e fomos em duas, já que um passeio por dia foi mais do que suficiente.

Vale das Pedras

Fica a uns 9 km de São Jorge, bem pertinho, mas a estrada de terra até lá não tá tão legal, principalmente no quesito placas, mas é tranquilo. Tem uma ponte suspensa na entrada da fazenda que já foi uma aventura por si só. Lá tem uma prainha de pedras bem tranquila que foi onde levamos as meninas, mas tem um circuito com mais cachoeiras também. Além disso, tem um restaurante pequeno rodeado por galinhas, pintinhos e plantas que foi bem legal pras meninas, comemos uma comidinha caseira e gostosa feita ali na hora só pra gente, valeu muita a pena. Acho que nesse dia dava até para irmos em outro lugar de tarde também, mas acabamos ficando na piscina do hotel mesmo.

IMG_9365 Francisco curtindo muito
IMG_9350 Meus quatro companheiros IMG_9387 Minha mãe se superando passando na ponte bamba IMG_9371 Bella na Fazenda IMG_9375 Almoço bem simples e ótimo no Vale das Pedras, peixe e suco de morango IMG_9378 Sempre juntas

Vale da Lua

É um dos locais mais conhecidos da Chapada e tem uma formação rochosa que lembra a da Lua, quando contamos isso pras meninas elas ficaram enlouquecidas para conhecer, e acho que por isso vale a pena ir com as crianças. Meus pais não quiseram ir, então nos aventuramos os dois sozinhos com os três. Chegando lá as meninas quiseram ir no colo, é claro. Então, a Bella foi no sling comigo, fizemos um sling improvisado com canga pro Marco carregar o Fran-Chico e ele ainda levou a Maria no outro braço. Na parte das pedras, que é mais complicado, conseguimos convencer ela a ir andando e foi tranquilo.

IMG_9395 Conhecendo as pedras
 
Pena que não deu pra fazer foto de todo mundo  Até pedirmos pra alguém tirar IMG_9398
O sling improvisado do Fran-Chico Untitled Cantando "Livre Estou"

Piscina

Chegamos na piscina 3, que uma amiga indicou pra gente, e o lugar era ótimo pra crianças mesmo, tinha uma prainha legal com água que dava no pé delas. E fica a dica: levem chinelo para andar nas pedrinhas sem se incomodar pros adultos e pros pequenos. Água gostosa e ainda tinha uma moça super simpática vendendo açaí no isopor. Tava bem cheio, mas não insuportável, deu até para estender minha toalha de piquenique e fazer um lanche.

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A piscina 
IMG_9399 Marco e Maria
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A Bella se apossou da toalha do Francisco no passeio todo

A parte chata é que assim que eu cheguei lá uma abelha picou o meu dedo e imediatamente começou a ficar inchado e a mão inteira foi ficando enorme. Mas relaxei porque a gente tinha acabado de chegar. Então, tentei aproveitar apesar da dor e do incômodo.

A volta foi um pouco mais complicado. Era uma subida e já estávamos todos cansados. O jeito foi ir andando e parando. Francisco dormiu, mas as meninas estavam empolgadas, cantando o caminho inteiro, o que deu um certo ânimo.

No fim, eu e o Marco chegamos exaustos no carro, mas com aquele sorriso no rosto de "conseguimos"! O que foi ótimo pra gente, acho que estávamos precisando desse momento "super pais". E saí de lá louca para voltar.

Também vale a pena: Lokinhas (não fomos porque no hotel disseram que estava muito seco por lá), Praia do Jatobá (acho que poderíamos ter ido a tarde depois do Vale das Pedras), Rio da Lua, Poço Encantado (desvantagem é que fica a 50 km de São Jorge) e São Bento (o acesso é super fácil mas me falaram que enche muito).

Já estamos empolgadíssmos programando a volta!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Introdução Alimentar Instintiva

Então, chegamos na fase de comer. Preciso dizer que a introdução alimentar tem sido a coisa mais diferente da experiência de mãe de segunda viagem, terceiro filho. Muito diferente. Chega dá vontade de apagar todos os post que eu fiz no blog sobre introdução alimentar com as meninas. Acho que fiz várias coisas erradas, mas algumas certas já que elas comem bem no auge dos dois anos e nove meses e são viciadas em frutas. E espero que o Francisco siga o mesmo caminho. Pois bem, não acho que exista fórmula totalmente correta, mas aí vai a minha experiência no momento, meu próprio "método", nem blw, nem o tradicional, mas o instinto puro. E talvez a nossa tentativa agora sirva de inspiração pra alguém.

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Francisco fez seis meses de amamentação exclusiva e em livre demanda, ou seja, peito quando quisesse sem importar o tempo. Dormia bem a noite toda. Ele mostrava interesse pelo que a gente comia, o que sempre é bom sinal. Pensei em começar logo a dar uma papinha pra ele, mas resolvi ir na pediatra primeiro pra ver se ela passava alguma orientação importante que eu não sabia e qual era a linha dela. Porque com as meninas achei que foi muito tradicional. Então, acabei iniciando com seis meses e meio.

Comecei com a fruta. Banana amassada. Ele fez cara feia, normal. Comeu umas cinco colheres e pronto. Depois foi mamão, manga, tudo amassado ou picadinho. E ele ia nas mesmas cinco colheres e cara feia. Fiquei pensando que talvez se eu fosse mãe de primeira viagem ia achar que ele não tinha gostado de nada. Mas continuei dando nos mesmos horários e tal. Com a papinha salgada a mesma coisa.

Na segunda semana fui vendo que estava impossível fazer tudo separado e ele acabava não comendo porque eu não tinha tempo de fazer alguma coisa pra ele. Então, descobri que não precisava ser programado, tudo certinho, panela separada, como eu fiz com as meninas. Ele ia comer o que a gente comia. Então, se as meninas estavam comendo melancia, tapioca ou arroz com feijão. Era isso. E não necessariamente tinha que ser amassado. Foi aí que a Introdução Alimentar Instintiva chegou forte.


Comendo morango

Colocava pedaços de fruta grande e ele comia. Pepino ou cenoura em forma de palito e ele adorou. E a cara feia começou a ir embora e as colheres passaram da linha dos cinco. Sentava ele no cadeirão e dá-lhe um pedaço de banana ou melão. Não tinha mais preocupação com babador ou sujeira. Meu filho estava comendo. Nem sempre ficava ali do lado dele, estava por perto, mas não em cima. Na hora do almoço, geralmente umas 11h30 por aqui, ele já senta com todo mundo, comemos em família. Eu vou comendo meu prato e paro para dar umas colheradas do potinho dele. O conteúdo é quase sempre um legume ou dois no vapor, que nós também estamos comendo, arroz e/ou feijão, varia muito. Hoje, por exemplo, ele comeu peixe (tilápia), com batata amassada no garfo e guacamole. 

Eu não fiz tudo da noite pro dia. Fui introduzindo aos poucos. Umas duas semanas depois das caras feias, ele começou a comer bem e aí acho que exagerei. Num dia ele comeu tapioca, fruta, almoço e fruta e quando chegou de noite vomitou tudo. Depois passou uns dia gorfando meio amarelo, achei que poderia ter sido muita coisa ácida e dei uma maneirada. Agora já comecei a introduzir o jantar também, mas não é todo dia. E se esqueço alguma refeição, tudo bem também.

Acho que com as meninas também rolou uma mudança muito grande na nossa alimentação e com o Francisco isso já estava pronto. Agora nas nossas refeições têm sempre uma opção de legume e verdura. Passamos a consumir mais frutas por causa delas e isso facilitou muito. Acho que a alimentação tem que ser da família toda, temos que criar hábitos e não apenas introduzir alimentos. Dar exemplo é sempre a melhor opção.  Com as meninas também fiz muitas coisas que eu nem sabia que não era legal, tipo dar mucilon e farinha láctea, pra citar alguns.



Deixar a criança sentir e tocar o alimento também é importante. Isso aprendi no meio do caminho com as meninas. A alimentação delas flui muito melhor com uns oito meses quando passei a me desprender a papinha e deixar elas comerem com a mão, e nisso o blw mr ajudou muito, a entender que a criança precisa aprender a mastigar e que engasgar faz parte do processo também, é claro que é preciso estar atento, mas a própria criança tem seu mecanismo de segurança que deve ser trabalhado. Por isso, com as frutas o Francisco tá sempre comendo sozinho. Ele mesmo pega o pedaço e leva a boca. E come. Muito! No almoço e no jantar é que, geralmente, pico ou amasso alguma coisa e dou na colher, ou deixo ele explorar com a mão também. E a coisa do instinto tem dado super certo. Ele come bem e de tudo.

O que importa é que estamos ensinando ele a se alimentar, não apenas comer, e tudo com instinto e amor também. E ainda tem peito. Muito peito. Porque pra mim essa ainda é a principal fonte de alimento dele. Então, às vezes dou o peito antes de dar a comida, por exemplo. Uma meia hora antes, ou logo depois dele comer e tudo bem também. E o menino come. E muito. Amém.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Sobre escolhas, ser mãe, ficar em casa, trabalhar, empreender

Dia desses qualquer saímos para passear debaixo do prédio com as meninas e o Francisco. Fomos andando,eu e o Marco, e conversando com as duas, visitamos as corujas, que sempre estão na mesma árvore, e fomos no "museu", um cinema que fica aqui perto de casa (Cine Brasília para os brasilienses) onde elas correm, sentam na poltrona, olham os cartazes e vão no banheiro. Estamos indo lá quase todos os dias e elas fazem a mesma coisa. Me sentei um pouco e olhei pras duas correndo de um lado pro outro, Francisco no carrinho e dei um suspiro daqueles de satisfação total. Me lembrei de tantos passeios que eu fiz com as meninas, da nossa rotina de só nós três e senti falta, mas também me senti leve. Tanta coisa a gente passou para chegar até aqui e agora mais uma vez passamos por mudanças.

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Fiquei bem pensativa durante o nosso passeio e veio na minha mente, tantas outras aventuras com a Mamá e a Bella. As manhãs no parquinho, as andanças no nosso carrinho duplo, as conversas com desconhecidos que adoram perguntas sobre gêmeos, as brincadeiras debaixo do bloco, os desenhos, os brinquedos em casa, colocar as duas pra dormir depois do almoço, os banhos inesperados nas tardes de secura com direito a piscina no boxe. Tanta coisa. É claro que era difícil, é claro que existiram dias em que eu me trancava no banheiro e chorava um pouquinho e quando chegava o fim de tarde eu contava os minutos pro marido chegar em casa. Mas como era bom! E eu posso dizer que aproveitei muito. Muito mesmo.

Ter ficado em casa com as meninas nos primeiros anos de vida delas foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Não acho que tenha sido bom pra elas só, mas, especialmente, pra mim também. Tenho as melhores lembranças e memórias, e o melhor, continuo tendo. Não é uma decisão fácil, muita gente me escreve perguntando sobre isso porque realmente é complicado largar tudo e ficar em casa para ser apenas mãe e dona de casa. Só posso dizer que é uma decisão muito pessoal, que é preciso ter o apoio do marido, abrir mão de certas coisas (aqui vendemos um carro, por exemplo, e cortamos alguns luxos), apertar outras, se adequar. E tudo o que eu posso dizer é que vale muito a pena. Muito mesmo.

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Agora, em um momento que eu volto a trabalhar, ainda que seja de casa, vejo o quanto é difícil conciliar as duas coisas, mas não impossível. Para quem não sabe, estou fazendo bolos! Acabei de abrir um foodtruck, a Komboleria, com meu irmão e estou fazendo bolos para vender na kombi e por encomenda. Apenas receitas que eu fazia para as meninas, tudo feito com açúcar demerara e o mesmo amor. E grande parte das receitas são sem lactose (algumas inclusive já foram publicadas aqui). Então, mesmo com o Francisco pequeno, estou trabalhando. E está sendo bem difícil pra mim conciliar tudo. Na verdade, nas últimas semanas me deparei com vários dilemas, queria dar conta de tudo e não dou. Não é?

Quando comecei a fazer os bolos, minha única "exigência" é que eu queria fazer isso de casa e que as crianças estejam sempre por perto. Muitas vezes não consigo fazer as coisas com elas no meio de tudo, é verdade. Quase sempre é caótico e tenho ficado exausta, essa é a verdade. Em dias que temos evento, elas vão pra casa dos avós, por exemplo. Se fica muito caótico, o marido (que de manhã está em casa) desce sozinho com elas. Além disso, dei o braço a torcer e contratei uma empregada para me ajudar com a casa, porque não sou super mulher e não dou conta de tudo. Aprendi ser mãe e empreendedora é preciso ter apoio ou criar uma rede de ajuda, um esquema, um back-up. No meio do trabalho todo, de tempo em tempo, paro para amamentar o Francisco, que está grudado comigo. Ainda estou tentando achar equilíbrio nisso também. Tento não trabalhar de manhã quando elas estão em casa, só à tarde quando elas estão na escola ou depois que todo mundo já dormiu.

Ainda fazendo tudo de casa e estando perto, às vezes também me questiono: o que eu tô fazendo? Não era melhor deixar como estar e ficar só com as crianças? Quero ficar com elas, mas ao mesmo tempo não dou conta de tudo e muitas vezes meu trabalho sai prejudicado. Ainda estou tentando trilhar esse caminho de mãe empreendedora, na verdade. Também tenho meus sonhos e desejos, como morar em uma casa, por exemplo, nosso próximo objetivo. Por isso, estou tentando o equilíbrio, minha gente, como sempre. E estar bem com suas decisões, seja ela ter um filho só ou três, trabalhar fora ou ficar em casa, amamentar ou complementar. Ter segurança no que você quer, ainda que haja dúvida (e sempre haverá), seguir seu coração.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Não existe cólica

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Outro dia encontrei essa foto minha na casa da minha mãe. Meus olhos se encheram de lágrimas, sem mesmo saber por quê. Aquele sorriso de contentamento misturado com os olhos cansados. Não sei. Me deu vontade de voltar no tempo e me dar um abraço e dizer: aproveita agora que essa confusão toda e esse cansaço vão passar. Então, me inspirei e resolvi escrever um post que há tempos está na minha cabeça mas estava sem coragem de escrever ou compartilhar. Um post para as mães de recém-nascidos, especialmente as de primeira-viagem sobre o que essa loucura toda que é a maternidade me ensinou. Um post que talvez aquela Tatiana da foto, totalmente perdida pelo fato de ter duas bebês de poucos meses nos braços não fosse acreditar se lesse. Por isso, aí vai, queridas mães, antes de tudo, acredite:

Não existe cólica. Não existe cólica. Não existe cólica.

É isso mesmo que você leu. Não existe cólica. Seu bebê chora porque ele quer peito, mesmo que ele tenha acabado de mamar. Não é fome, é peito. É aconchego, é carinho, é colo. Não existe cólica. Sim, pode ser algum desconforto, é bem mais provável que seja sono, mas não é cólica. Ele quer seu colo, seu aconchego, apenas isso. Esqueça o cansaço, esqueça todas aquelas vozes que dizem ele vai se "acostumar mal no colo", "que não pode dormir com a boca no peito". É justamente o oposto disso. Não se preocupe que ele vai dormir sozinho um dia e você vai sentir falta quando ele não quiser mais dormir no peito.

Não existe cólica. A verdade é que o bebê, como qualquer bebê, chora, pede por afago e conforto. E estamos tão socialmente ligados na coisa da cólica, "de que todo bebê até 3 meses de idade sofre com elas", que sequer cogitamos qualquer outro diagnóstico que não seja este. Faça um teste. Se o seu bebê mamou e começou a chorar. A sua mãe, avó, tia, amiga, desconhecida, vai dize: "tadinho, tá incomodado. Deve ser cólica". Ou sempre vai ter alguém que te pergunta: "ele não tá tendo cólica, não?".

Com as meninas, eu achei que o choro delas era cólica. Mas não era. Era sono, provavelmente. Era vontade de ficar perto de mim, mas eu estava muito ocupada tentando entender o que elas tinham, por que elas choravam. por que elas mamavam tanto e meu leite parecia não ser suficiente. Queria ter me libertado de todas aquelas frases e conceitos de que "não é fome, não é possível". Não era mesmo, mas elas queria o peito. Só isso. Com o Francisco, consegui me libertar. Dei peito e todo colo que eu achava suficiente. E como foi bom. Eu estava tranquilo, meu bebê tranquilo. Em algum momento, é claro, eu também fiquei cansada, era o tempo todo no peito. E até eu, que tinha certeza absoluta, de que não era cólica, comecei a duvidar. Então, entrei na internet e fui buscar rápido um texto do Carlos González que acalmou meu coração.

Acredite. Não existe cólica. Uma vez que a gente se desapega do tal dos gases, se acalma e oferece o que o bebê realmente quer. Mamou durante uma hora e depois chorou? Então, ainda pode dar mais um peito. Ou ninar. Mamou, ninou, mamou, ninou e nada? Dá um banho e mais peito. Confie nos seus instintos. Seu bebê só precisa de uma coisa nos primeiros meses de vida: você. Tá cansada, quer tomar um banho, comer? Desapega. Dá o bebê pro marido, pra mãe, pra sogra, descansa um pouco. E depois mais peito. Durma com ele no colo, coma com ele no colo. Entregue-se. Seu bebê só vai passar por isso uma vez. Seu corpo ainda está se adaptando ao fato de você não dormir muito, mas acredite, uma dia o cansaço vai passar. Por isso, Tatiana da foto, pegue as duas no colo muito, dê peito, chore, acredite em você mesma e no seu leite. Porque no fim, tudo vai passar. Só o amor e as boas lembranças é que ficam.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Seis meses de Fran-Chico

Seis meses, mas parece que ele sempre esteve aqui. Seis meses com um menino doce, alegre, cabeludo, tranquilo e cheio de graça. Seis meses de amamentação exclusiva, muito aconchego e o mais puro amor. O que eu posso dizer sobre você, meu filho? Você chegou pra transformar nosso quarteto em quinteto, abre um sorriso pra todo mundo que fala com você, adora ver suas irmãs brincarem, adora mamar no peito e dorme a noite toda (uhu!), se adapta a qualquer situação e adora deitar e rolar no chão. Obrigada por me trazer paz e por me mostrar que a vida pode ser sim só alegria e por me fazer ser uma mãe mais leve, mais feliz. Tudo o que eu quero é ver você crescer e descobrir o mundo, junto com a gente. Viva o Fran-Chico! IMG_9133 IMG_9131 IMG_9122 IMG_9144